2 DE FEVEREIRO DE 2018
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Nacional) quer construir um gasoduto com 170 km, entre Celorico da Beira e Bragança, orçado em 115 milhões
de euros a serem cobrados nas nossas faturas. Este projeto obteve o parecer negativo da CCDR-N (Comissão
de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte), um parecer negativo da Direção-Geral do Património
Cultural (DGPC) e, por parte da APA (Agência Portuguesa do Ambiente), mereceu uma avaliação de impacto
ambiental negativa também. E, sim, sabemos que houve discussão pública, foi marcada para um bonito dia de
agosto, quando as pessoas estavam de férias.
Sr. Primeiro-Ministro, este dossier está nas mãos do Ministério do Ambiente, que tem duas opções: ceder
aos interesses económicos da REN ou garantir o superior interesse de todos nós e do bem comum.
Sr. Primeiro-Ministro, o Governo já tem alguma decisão sobre esta matéria?
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado André Silva, as interconexões energéticas com
Espanha são uma componente essencial da nossa interconexão energética com a Europa, um projeto de grande
interesse público, e, portanto, é importante que existam essas interconexões. Evidentemente, nós temos de
compatibilizar este objetivo e este interesse público com outros interesses públicos de maior valia, como seja,
designadamente, a proteção da mais-valia ambiental de uma zona que é Património da Humanidade, de grande
valia ambiental e de grande valia agroalimentar, que é o vale do Douro.
Por isso, perante a avaliação negativa do impacto ambiental, as indicações que demos às entidades foi que
procurassem soluções alternativas para a interconexão com Espanha, que preservassem a zona do Douro
Vinhateiro. Aquilo que temos de ser capazes é de conseguir compatibilizar estes dois objetivos: não renunciar
ao objetivo da interconexão, porque é da maior importância, designadamente para a redução dos custos da
energia em Portugal, e, simultaneamente, preservar aquilo que é um bem único e que não pode ser sacrificado,
que é o Douro Vinhateiro. Essa preservação tem de ser assegurada e tem de estar, obviamente, acima de
qualquer outro interesse.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra o Sr. Deputado André Silva.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Primeiro-Ministro, para algumas indústrias, o Tejo é apenas um esgoto a
céu aberto. Há anos demais que estas empresas, que se guiam por um único valor, o lucro, poluem e destroem
impunemente o Tejo. As análises da última catástrofe, divulgadas ontem, mostram que os níveis de celulose
estavam 5000 vezes acima dos níveis recomendados. Não há dúvidas: o maior poluidor do Tejo é a indústria da
pasta de papel, como, aliás, vimos dizendo há muito.
Veja, Sr. Primeiro-Ministro, a APA reforçou a monitorização desde há um ano, a partir de novembro as
amostragens passaram a ser feitas de dois em dois dias e, mais recentemente, todos os dias. Como é que, com
uma monitorização destas, se continua a não conhecer as indústrias incumpridoras? A conclusão é simples: as
prioridades do País continuam a não passar pelo ambiente, não vale de nada temos uma norma no Código
Penal sobre crimes ambientais, é letra morta.
Sr. Primeiro-Ministro, quando é que estas fábricas são, definitivamente, encerradas e os seus responsáveis
presos e condenados?
Aplausos de Deputados do BE.
O Sr. Presidente: — Relembrando o princípio da separação de poderes, dou a palavra, para responder, ao
Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado, há uma parte da sua pergunta que, como sabe,
transcende as competências do Governo, e ainda bem, porque essa época em que os governos mandavam
prender, felizmente já passou e hoje ninguém quer regressar a esses tempos,…