I SÉRIE — NÚMERO 51
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uma proposta de lei sobre o exercício da liberdade sindical. Passou mais de um ano e, hoje em dia, só temos o
silêncio envergonhado da parte do Governo e do Partido Socialista. Pergunto: não era para levar a sério? Faltou
ou falta coragem política ao Governo para avançar com esta lei?
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Muito bem!
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — A quarta e última questão, Sr. Ministro, tem a ver com a violência no
futebol.
Sr. Ministro, não é só na questão da liberdade sindical que tem faltado coragem ao Governo, é também nesta
área, porque aquilo a que se assiste hoje em dia já há muito ultrapassou o plano do desporto, coloca-se no plano
da segurança. São os insultos desabridos, quotidianamente, nas televisões e nos media em geral; são as
ameaças reiteradas aos árbitros e às suas famílias; são os apelos de dirigentes a uma intolerância que diria ser
de matriz norte-coreana;…
O Sr. António Filipe (PCP): — Não será na rua São Caetano, na Lapa?
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — … é a escalada infrene e um acicatar irresponsável da intolerância,
em total impunidade e perante a complacência das autoridades. A intolerância, Sr. Ministro, é mãe da violência.
Pergunto: até quando o Governo vai continuar com medo de atuar, à espera de uma tragédia, que hoje,
infelizmente, já é uma tragédia anunciada?
Aplausos do PSD e de Deputados do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Sandra Cunha.
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, estou um
bocadinho perplexa com o tema e com a preocupação que o CDS aqui demonstra, hoje, com estas questões.
De facto, o Governo de que o CDS fez parte foi aquele que mais atacou e que realizou a maior ofensiva alguma
vez vista aos direitos dos trabalhadores e às condições de trabalho em Portugal. Esse Governo foi aquele que
empobreceu, que pediu para apertar o cinto, que limitou ainda mais todos os direitos de todos os trabalhadores
e trabalhadoras, e neles se incluem os trabalhadores e trabalhadoras das forças e serviços de segurança e das
forças de proteção civil.
Foram os senhores, juntamente com o PSD, no vosso Governo, que cortaram salários, que congelaram e
mantiveram carreiras congeladas,…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE) — Bem lembrado!
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — … que cortaram os rendimentos das famílias,…
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Não é verdade!
O Sr. António Filipe (PCP): — Já se esqueceram!
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — … que cortaram os rendimentos destes trabalhadores. Portanto, é com alguma
perplexidade que agora vejo esta preocupação repentina com os direitos e com as condições de trabalho destes
trabalhadores e destas trabalhadoras.
Foi também durante o Governo PSD/CDS que mais se verificou uma diminuição no número de trabalhadores
efetivos da PSP (Polícia de Segurança Pública) e da GNR —, foram mais de 1100 efetivos. Por isso, agora,
evidentemente, temos um efetivo das forças de segurança diminuído e envelhecido, temos, da parte destes
trabalhadores, preocupações legítimas, que não decorrem de agora, elas decorrem daquilo que os senhores
fizeram durante muito tempo, durante o vosso Governo.