23 DE FEVEREIRO DE 2018
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O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — … porquanto o Sr. Ministro da Administração Interna esteve, até há
pouco tempo, na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, e a haver um debate
de atualidade pressupunha que algo entretanto tivesse ocorrido. Mas, na verdade, a única coisa que ocorreu foi,
na prática, um ato de contrição do CDS, porquanto parte substancial das suas afirmações decorre de políticas
que o próprio CDS prosseguiu.
Quando o Sr. Deputado Telmo Correia questiona a falta de meios, não podemos, desde logo, ignorar ou
deixar de referir, melhor dito, que, no que diz respeito aos meios humanos das forças de segurança, o saldo da
Legislatura de que PSD e CDS foram Governo é francamente negativo, chegámos ao fim da Legislatura com
um número inferior a mais de um milhar de efetivos. E isto é tanto mais relevante quando, no início dessa mesma
Legislatura, o CDS, nesta mesma Casa, neste mesmo local e, provavelmente, na mesma cadeira que hoje
ocupa, pela voz autorizada do seu, então, líder parlamentar, Nuno Magalhães, anunciava que iria tomar
iniciativas para incrementar a entrada e o aumento de elementos policiais.
Ora, o resultado foi exatamente o inverso e hoje o CDS vem perguntar: por que é que há poucos elementos
policiais? A resposta é: porque o CDS os diminuiu e diminuiu bastante.
Aplausos do PS.
A seriedade deste debate também está plasmada nas perguntas que dirige ao Governo. O Sr. Deputado
Nuno Magalhães pergunta: Sr. Ministro, que é feito da proposta de lei sindical das forças de segurança,
nomeadamente, da PSP? A resposta é óbvia e está aqui, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Fui eu quem perguntou, não foi ele!
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — Perguntou há pouco.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Fui eu. Baralhou-se!
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — O Sr. Deputado Telmo Correia perguntou e eu estou a responder ao Sr.
Deputado Telmo Correia que, precisamente, já sabia a resposta. E a resposta, óbvia, não é dada pelo
Governo,…
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Então, é por quem?
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — … é dada pelo Parlamento. E, lá está, esperamos que quem até hoje
obstaculizou a obtenção de uma maioria qualificada numa lei que necessita deste tipo de maioria deixe,
naturalmente, de o fazer para que ela possa chegar a bom porto neste Governo.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Agora, nós somos da maioria?!
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — Mas, Sr.as e Srs. Deputados, qualquer debate sobre segurança interna,
e este, apesar deste enquadramento, é também, di-lo a agenda parlamentar, um debate sobre segurança
interna, não pode nunca escamotear uma realidade e essa realidade tem de ser repetida à exaustão cada vez
que falamos deste tema em Portugal: Portugal é um dos países mais seguros da Europa.
É importante sempre realçar a questão da segurança em Portugal não apenas porque ela é consabidamente
um fator de liberdade — ninguém é verdadeiramente livre se não se sentir seguro — mas, sobretudo, porque
está demonstrada sempre uma predisposição psicológica para a intolerância quando alguém perceciona um
aumento dos níveis de ameaça.
Portanto, o que importa referir é que, nesta Legislatura, com este Governo — mercê, obviamente, do trabalho
dos homens e das mulheres que diariamente dão o melhor de si nas forças de segurança para atingir esse
resultado —, os números do Relatório Anual de Segurança Interna são os melhores de sempre e não podemos
nunca escamotear que Portugal, nessa medida, é um País seguro e, como tal, deve ser sempre valorizado.