I SÉRIE — NÚMERO 56
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O Sr. Presidente: — Ainda no período de abertura do debate, tem a palavra o Sr. Ministro das Finanças para
intervir em nome do Governo.
O Sr. Ministro das Finanças (Mário Centeno): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Governo
apresenta hoje um ponto de situação de mais um compromisso que está a cumprir, o de combater a
precariedade no Estado, com o propósito de valorizar a Administração Pública e os seus trabalhadores.
Começo por recordar que o Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários não surge
isolado no Programa do Governo. A valorização do trabalho em funções públicas é um dos objetivos centrais da
ação governativa.
Para revalorizar os trabalhadores enquanto atores-chave da ação do Estado, o Governo tem vindo a
desenvolver uma intervenção a vários níveis, e o combate à precariedade é um deles. Não podemos, no entanto,
esquecer o descongelamento das carreiras, a reposição dos valores do trabalho extraordinário, a eliminação
dos cortes salariais e a reposição das 35 horas de trabalho, assim como o novo regime da formação profissional.
Procedemos ainda à regeneração de serviços públicos, em particular nas áreas da saúde e da educação: na
saúde, representou um aumento do número de médicos e enfermeiros em cerca de 11%, correspondendo a um
aumento líquido médio de 930 médicos e 1400 enfermeiros por ano; na educação, entre o quarto trimestre de
2014 e o quarto trimestre de 2017, o número de professores aumentou em cerca de 6138, correspondendo a
um aumento médio de 2000 professores por ano.
Estas várias dimensões de valorização da Administração Pública e dos seus trabalhadores representam um
investimento muito expressivo, que se repercute no presente e no futuro: são 450 milhões de euros com a
reversão da redução remuneratória em 2016 e 2017; são mais de 650 milhões de euros associados ao
descongelamento de carreiras; são mais 400 milhões de euros associados às outras medidas de valorização
dos recursos humanos — por exemplo, as horas extraordinárias e o trabalho noturno.
Importa prosseguir e consolidar este caminho para garantir um papel ativo e proativo dos trabalhadores ao
longo de toda a sua vida profissional, mesmo que as funções e os desafios mudem e que existam mudanças
nas organizações públicas.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Processo de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários
sempre teve como preocupação central atender às situações concretas. É um programa assente em conceitos
sólidos, nomeadamente na definição de «necessidade permanente» e de «adequação do vínculo», e é um
programa assente na distinção clara das situações que são passíveis de regularização daquelas que não são,
porque não podem nem devem ser regularizáveis.
Por isso, é bom lembrar que o trabalho que nos encontramos a realizar começou por ser alicerçado num
levantamento exaustivo das situações de natureza temporária existentes na Administração Pública. Nesse
momento, lembrámos a necessidade de nunca confundir situações de natureza temporária com situações de
natureza precária. Não confundimos conceitos, não criámos expectativas irrealistas e só nos comprometemos
com aquilo que é legítimo e correto consolidar.
Aplausos do PS.
A Administração Pública tem, e continuará a ter, trabalhadores com vínculo temporário, sempre que o mesmo
seja adequado à satisfação de necessidades não permanentes.
O processo de regularização tem permitido, sequencialmente, proceder a uma avaliação individualizada das
situações existentes e da utilização adequada ou inadequada dos instrumentos contratuais utilizados para
satisfazer necessidades permanentes dos serviços. Esta avaliação — repito, concreta e individualizada — visa
que o processo decorra com todas as garantias de justiça, em comissões de avaliação bipartida plurais, para
que não prevaleçam apreciações subjetivas unilaterais e para garantir que em nenhum momento ficamos reféns
de ideias pré-concebidas, com flexibilidade e sempre com sentido de justiça.
São testemunhos desta flexibilidade a amplitude com que são identificadas na lei as situações
hipoteticamente abrangidas, o facto de ter sido prorrogado o prazo para a apresentação de requerimentos, para
que nenhum trabalhador ficasse de fora, e a diversidade de situações que têm vindo a ser objeto de
homologação.