16 DE MARÇO DE 2018
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municipal é paga pelas empresas operadoras de infraestruturas, não podendo ser refletidas nas faturas dos
consumidores.
Portanto, o Sr. Primeiro-Ministro também dizia que havia impostos que não eram pagos pelos portugueses.
Sr. Primeiro-Ministro, vou mostrar-lhe uma fatura da EDP, de fevereiro deste ano, que se reporta a um
concelho que, penso, conhece bem, o de Guimarães, onde se pode ler, em letrinhas pequeninas, o seguinte:
«A taxa de ocupação do subsolo é definida por cada município e deve ser paga pelos seus consumidores.»
Por isso mesmo, Sr. Primeiro-Ministro, essas promessas que faz de que impostos que são pagos por
entidades terceiras, impostos que são pagos de forma etérea não são pagos pelos consumidores sabemos onde
levam — levam sempre a que sejam os mesmos a pagar, e os mesmos são os contribuintes portugueses.
Aplausos do CDS-PP.
Não tenho muito tempo para abordar a questão da presidência búlgara e outras questões que são muito
relevantes, mas permita-me que aborde uma questão que me parece muito importante e que tem a ver com o
mecanismo de emergência de recolocação de refugiados.
Portugal tem pergaminhos nesta matéria e está já há alguns anos a trabalhar para poder receber refugiados
que estão a fugir de zonas de guerra, como é o caso da Síria.
A presidência búlgara fala muito da necessidade de sermos mais solidários, mas a verdade é que o Governo
búlgaro, dos 1302 refugiados que se comprometeu a acolher, só acolheu 60 refugiados até este momento. É
importante que o Governo português tenha uma palavra a dizer sobre estas matérias.
Nós temos a autoridade de quem está a cumprir com esta matéria e temos a autoridade de quem, do ponto
de vista da União Europeia, sabe que a solidariedade e a coesão são muito importantes, as quais também se
medem nestas matérias.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, em nome do PCP, tem a palavra a Sr.ª
Deputada Paula Santos.
A Sr.ª PaulaSantos (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Deputados: Sobre as
prioridades da presidência búlgara, nada de novo. Perante a crise na — e da — União Europeia, a presidência
búlgara insiste nas opções políticas que já demonstraram que não resolvem os problemas com que os povos
estão confrontados e são responsáveis pelo seu agravamento.
Continua a fuga em frente ao traçar como prioridade o mercado único digital, o aprofundamento da União
Económica e Monetária, o reforço de meios na área da segurança e defesa, acentuando o pilar militarista com
a criação da cooperação estruturada permanente.
Simultaneamente, não há qualquer resposta para a instabilidade e a precariedade nos locais de trabalho, os
baixos salários, o desemprego, a pobreza e as desigualdades, que atingem os trabalhadores e os povos.
Em Portugal, ficou demonstrado que não estávamos condenados à política de empobrecimento e exploração
prosseguida por PSD e CDS sob a chancela da União Europeia.
Também ficou demonstrado que o caminho iniciado de defesa, devolução e conquista de direitos e
rendimentos é o que permite criar riqueza e emprego, contrariamente às opções da União Europeia e sob
constantes ameaças e pressões das diversas instituições europeias, que procuram impor a continuação da
política de cortes nos salários, nas pensões e nas prestações sociais, de retirada dos direitos dos trabalhadores,
de ataque aos serviços públicos e funções sociais do Estado e de privatização de setores e empresas
estratégicas na nossa economia.
Inclusivamente, os indicadores económicos e sociais que tiveram uma evolução positiva resultam deste
caminho de reposição de rendimentos e de direitos e não dos constrangimentos e imposições da União
Europeia, em particular do euro, que impedem a resposta aos problemas dos trabalhadores, do povo e do País.
Não faltaram promessas e cenários animadores, mas duas décadas de euro significaram, em Portugal,
estagnação económica, retrocesso social, dívida, défices, divergência e dependência.