I SÉRIE — NÚMERO 60
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respeita ao aumento da contribuição dos Estados-membros e, relativamente aos impostos europeus, no que
respeita às transações financeiras, às emissões de CO2 e às grandes empresas do digital.
Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados: O Partido Socialista está
concentrado no futuro e, como tal, está focado e atento ao futuro da Europa.
Os desafios que a Europa terá pela frente nos próximos meses e nos próximos anos serão os mais exigentes
de sempre — irão exigir o empenho de todos os Estados-membros para que haja o reforço, e não o
enfraquecimento, do projeto europeu.
Os fluxos migratórios, o terrorismo, o Brexit, o aprofundamento da União Económica e Monetária, o mercado
digital, a cooperação estruturada permanente, o pilar europeu dos direitos sociais — será muito importante que
todos os Estados-membros percebam que só verdadeiramente unidos seremos capazes de enfrentar todos
estes desafios, porque o que não nos enfraquece só nos pode tornar mais fortes.
A agenda do próximo Conselho Europeu, de 22 e 23 de março, será novamente marcada pelas questões
sociais e pela monitorização da implementação do pilar europeu dos direitos sociais, sendo feita referência
expressa à recente proposta da Comissão Europeia, anunciada no passado dia 13 de março, no sentido de
avançar com uma autoridade europeia do trabalho.
Gostávamos, no entanto, de ver também prevista expressamente uma outra proposta de recomendação
anunciada nesse mesmo dia pela Comissão Europeia, e que consideramos ser da maior importância, que tem
por objetivo garantir o acesso à proteção social de todos os trabalhadores, sejam eles por conta de outrem ou
por conta própria.
Queria ainda fazer uma breve referência às prioridades da presidência búlgara, que achamos que merecem
especial atenção. Estas prioridades têm a ver, por um lado, com a atenção dada à importante e inevitável
discussão que tem de ser feita sobre o futuro do trabalho e, por outro lado, com a atenção prestada a dois
aspetos essenciais: a igualdade de género e o papel da mulher no mundo digital e o acompanhamento dos
efeitos da Diretiva do Parlamento Europeu e do Conselho sobre a conciliação familiar com o trabalho, bem como
o reconhecimento de que os jovens têm um papel central no debate sobre o futuro da Europa. O «Velho
Continente» está mesmo envelhecido e cremos ser da maior importância este papel central agora dado aos
jovens e que a presidência búlgara quer levar a cabo.
Preocupamo-nos ainda com o Brexit, e devemos insistir para que seja dada pelo Governo de Londres uma
resposta cabal a todas as questões ainda pendentes no que respeita aos direitos dos cidadãos, de modo a
garantir que todos os cidadãos da União Europeia que residam legalmente no Reino Unido não sejam afetados
pelo Brexit.
Para terminar, deixo uma outra preocupação: aquando da sua recente passagem por Portugal e pela
Assembleia da República, o Vice-Presidente da Comissão Europeia apresentou uma série de mecanismos de
prevenção para uma futura crise financeira, os quais consistem, sobretudo, em criar uma espécie de almofada
financeira que permita aos Estados-membros fazer face a eventuais crises futuras. Todavia, não ouvimos falar
em mecanismos de reforço da supervisão bancária e creio que isso é muito preocupante. Optar apenas por
medidas reativas, ao invés de medidas preventivas, não nos parece, de todo, avisado nem previdente.
Sr. Primeiro-Ministro, estamos, de facto, no caminho certo. Portugal tem sabido ser o exemplo de outras
escolhas com sucesso, pois velhas rotas nunca nos levarão a traçar novos caminhos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem a palavra o Sr. Deputado João Galamba para uma
intervenção.
O Sr. João Galamba (PS): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as Secretárias de Estado Adjunta do
Primeiro-Ministro e dos Assuntos Europeus, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares: À
semelhança da minha Colega Deputada Carla Tavares, queria dar os parabéns ao Sr. Primeiro-Ministro pelo
discurso que fez ontem em Estrasburgo.
O Sr. Primeiro-Ministro conseguiu algo que, a meu ver, é muito difícil de encontrar hoje em dia: foi,
simultaneamente, mobilizador e inspirador, sendo realista e apresentando uma proposta exequível, o que, nos