I SÉRIE — NÚMERO 60
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recursos próprios e propostas concretas de criação de novos recursos à escala europeia, passemos à ação e
os possamos concretizar.
É com esta posição que participaremos na cimeira da zona euro e o desejo que temos é que, com uma maior
resiliência da zona euro, possamos contribuir para uma maior convergência da economia portuguesa, porque
só haverá estabilidade duradoura e sustentada da zona euro quando houver menor assimetria entre as
diferentes economias e possamos estar todos menos sujeitos aos riscos. Essa tem de ser a prioridade para
podermos construir o futuro da União Europeia em bases sólidas e não em bases precárias que nos voltem a
expor a crises como aquelas que tivemos de enfrentar em 2008 e em 2011.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Passamos às intervenções dos grupos parlamentares e
começamos pelo Grupo Parlamentar do PSD, que dividirá a sua intervenção entre a Sr.ª Deputada Rubina
Berardo e o Sr. Deputado Carlos Gonçalves.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Rubina Berardo.
A Sr.ª Rubina Berardo (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e
Srs. Deputados: O Sr. Primeiro-Ministro referiu aquilo que nos traz aqui, as prioridades búlgaras para a
presidência, a preparação do Conselho Europeu e a cimeira do euro, mas esta é também uma oportunidade
para falarmos sobre a totalidade da agenda política europeia, e julgo que Portugal precisa mesmo de aprofundar
esse debate, precisamente, sobre a política europeia e também aqui neste Hemiciclo.
Sr. Primeiro-Ministro, na União Europeia tornou-se hábito dizer que vamos gerindo uma crise para entrar
noutra crise — é a crise financeira, a crise humanitária, a crise migratória, a crise securitária —, mas é útil,
também, entrar no âmago etimológico da própria palavra «crise» e os gregos, na Grécia antiga, remetiam o
conceito de krisis para um momento de decisão, e tinham, assim, uma noção de crise como de uma encruzilhada
decisiva. Tal como numa estrada decidimos virar à esquerda ou decidimos virar à direita, precisamos de
mecanismos expeditos e claros para responder a essas crises, sabendo que essas decisões que tomamos,
invariavelmente, moldam o futuro que teremos.
Agora, da Grécia antiga para a Grécia da modernidade, Sr. Primeiro-Ministro, no calendário europeu
aproxima-se uma boa notícia: a Grécia caminha para a saída do seu programa de ajustamento após oito anos
extremamente duros para a sua população. Uma boa notícia para a Grécia, uma boa notícia para a Europa. E,
neste contexto, Sr. Primeiro-Ministro, foram reveladoras as declarações do Primeiro-Ministro grego, Aléxis
Tsípras, esta semana. Ele disse que Portugal era «um exemplo positivo que dava esperança à Grécia».
Apesar de todos os elogios que o Sr. Primeiro-Ministro fez aquando da eleição e da vitória do Syrisa nas
eleições gregas, Tsípras não se estava a referir ao seu trabalho, estava a referir-se ao exemplo que Portugal
representava por ter saído do programa de ajustamento mais cedo do que a Grécia.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Bem lembrado!
A Sr.ª Rubina Berardo (PSD): — Não é a geringonça que dá esperança à Grécia, foi Portugal, o seu povo e
um governo que, sob um programa de ajustamento, conseguiu uma saída limpa para o País.
Aplausos do PSD.
Risos do Primeiro-Ministro e de Deputados do PS e do PCP.
Sr. Primeiro-Ministro, pode rir, mas é a verdade.
O Sr. João Oliveira (PCP): — O que seriam estes debates sem estes momentos de paródia?