16 DE MARÇO DE 2018
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A Sr.ª Rubina Berardo (PSD): — Sr. Primeiro-Ministro, naquele momento de encruzilhada decisiva, dois
países tiveram duas respostas diferentes: Portugal saiu do programa de ajustamento em quatro anos e a Grécia
em oito, com medidas de austeridade bem mais severas do que aquelas que tivemos em Portugal.
Protestos da Deputada do PS Marisabel Moutela.
Mais do que dizer que foram as reformas do PSD a trouxeram a bonança e a espoletaram a recuperação
económica — o que é um facto, e pode perguntar ao Sr. Ministro das Finanças, quando ele «usa o chapéu» do
Eurogrupo, se não foi assim —, foi o esforço dos portugueses para avançar com essas reformas no sentido de
abrir a economia durante o ajustamento que permitiu a consolidação orçamental e o crescimento do peso das
exportações na economia que se verificam hoje. Ora, essas reformas não podem ficar suspensas pelas atuais
circunstâncias governativas em Portugal — aliás, foi a Comissão que, ontem, pediu mais ambição ao seu
Governo para prosseguir com as reformas relativamente aos desequilíbrios que ainda persistem na economia,
nomeadamente na produtividade e na dívida pública.
Sr. Primeiro-Ministro, nestes tempos conturbados na Europa, exige-se do Governo português uniformidade
e consistência no discurso, exige-se uma mensagem clara e que não varie de acordo com a plateia que tem
pela frente, no momento.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Rubina Berardo (PSD): — Esta «espargata» que tenta fazer entre as conversas que tem no Conselho
e as conversas que tem com os seus parceiros de governo antieuropeus não é nem recomendável nem credível,
e existem já alguns casos em que o PSD manifesta preocupação com alguns posicionamentos, que são também
resultado dessa «espargata».
Pergunto, Sr. Primeiro-Ministro: porque é que Portugal fez parte de um núcleo reduzido de Estados-membros,
liderados pela França, que, desde o início deste ano, manifestaram oposição à repetição do processo do
Spitzenkandidat, que tem a ver com o processo de escolha do próximo presidente da Comissão com base nos
cabeças de lista das famílias partidárias, quando sabemos, já desde 2014, que esta é uma medida que aproxima
eleitores e instituições europeias?
Sr. Primeiro-Ministro, hoje, assim como ontem, durante o seu discurso em Estrasburgo, já retificou a confusão
entre impostos europeus e recursos próprios. Mas pergunto-lhe: porque é que, no início do debate, e também
quando trouxe a questão há umas semanas, falou nos impostos europeus, dizendo que tinha estas sugestões
e propostas de Portugal, quando sabemos que elas têm a ver com o aumento dos recursos próprios?
O Sr. Carlos Alberto Gonçalves (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Rubina Berardo (PSD): — Porque é que assumiu, também, Sr. Primeiro-Ministro, que os portugueses
não pagariam esses impostos, quando ainda nem há um esboço de como, por exemplo, a taxa sobre o mercado
digital poderia ser concebida? Ou seja, basicamente, achar que os portugueses estão automaticamente
excluídos de algo de que ainda não existe sequer um esboço baseia-se numa visão de um Portugal muito
pequenino…
A Sr.ª Marisabel Moutela (PS): — Ah…!
A Sr.ª Rubina Berardo (PSD): — … e ignora que não só já temos empresas, por exemplo, no mercado digital
como também deveríamos procurar incentivar o florescimento dessa indústria — pelo menos, é o que o PSD
defende.
Sr. Primeiro-Ministro, no contexto da saída do Reino Unido e do aumento das responsabilidades da União, o
interesse nacional dita que Portugal só pode ter um objetivo: lutar pela manutenção dos envelopes nacionais
para a política de coesão e para a política da agricultura.
O PSD é muito claro, na medida em que considera essencial reforçar a receita sem penalizar os contribuintes,
sem o aumento da carga fiscal para o contribuinte nacional,…