16 DE MARÇO DE 2018
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Note-se que, quatro meses após a primeira tragédia, ocorrida em junho, já havia um plano estruturado e
devidamente financiado para responder à catástrofe, algo inédito no nosso País, sobretudo se tivermos em conta
a dimensão daquilo que aconteceu, o elevado número de vítimas, a extensão do território atingido e o nível de
destruição de casas, infraestruturas e unidades produtivas.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. José Miguel Medeiros (PS): — Nestes oito meses após a tragédia inicial de Pedrógão, temos visitado
e acompanhado atentamente a evolução dos programas de reparação e reconstrução das casas, das empresas
e das infraestruturas básicas, mas também (e não é menos importante) o regresso à normalidade da vida das
populações e da vida social das comunidades.
Portugal, o País solidário que todos conhecemos, uniu-se em torno do sofrimento das vítimas e voluntariou-
se por uma causa que passou a ser de todos, um verdadeiro desígnio nacional, que o Governo tem sabido
traduzir em programas e apoios concretos às zonas afetadas, como reconhecem o Sr. Presidente da República,
os autarcas e a população em geral.
Sr. Primeiro-Ministro, perante a maior tragédia associada aos incêndios florestais alguma vez ocorrida em
Portugal, o Governo que lidera tem demonstrado iniciativa e foi capaz de dotar o Estado dos mecanismos
necessários para garantir uma resposta estruturada às vítimas e aos territórios.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. José Miguel Medeiros (PS): — Conhecemos bem o muito que tem sido feito pelo Governo, pelas
autarquias e pela sociedade civil, no apoio aos territórios e às populações atingidas.
Sabemos que já foram recuperadas e reconstruídas centenas de habitações, que o processo de
indemnizações às vítimas está a decorrer com uma celeridade nunca vista em Portugal, que os apoios sociais
estão a chegar às populações e às unidades empresariais, muitas das quais já recomeçaram a laborar e muitas
outras estão a trabalhar para que isso aconteça em breve.
Sabemos também que ainda haverá muito para fazer — temos de ser, e somos, honestos nesta matéria —,
sobretudo ao nível das mudanças estruturais, que urge promover no mundo rural e no interior do País, que
necessitam de tempo para inverter os longos processos de esvaziamento e empobrecimento das pessoas e dos
territórios e que exigem recursos significativos.
São reformas e medidas que só se conseguirão concretizar no quadro de um amplo consenso político e de
um compromisso e envolvimento profundo da sociedade portuguesa no seu conjunto.
No entanto, é preciso começar por algum lado e, nesta fase, é necessário dar prioridade, como o Governo
bem tem feito, à reforma da floresta portuguesa, à reestruturação dos sistemas de prevenção e combate aos
incêndios florestais e das estruturas de proteção e socorro, como base essencial para evitar mais tragédias,
garantir a segurança das pessoas, das instituições e das empresas que ali se localizam ou pretendam localizar,
pois não é possível fixar pessoas e atividades sem segurança e sem confiança.
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — Muito bem!
O Sr. José Miguel Medeiros (PS): — São já hoje visíveis as medidas tomadas pelo Governo com este
objetivo e outras que estão em preparação através da nova unidade de missão para os incêndios rurais.
No domínio da prevenção estrutural, com a promoção de um novo modelo de gestão e exploração do mosaico
florestal, também já aqui devidamente explicitado por V. Ex.ª, a realização do cadastro, a gestão das faixas de
combustíveis e a criação de novas equipas de sapadores florestais; na prevenção operacional, com o reforço
das missões de patrulhamento da GNR, das Forças Armadas e dos próprios sapadores florestais, nos períodos
críticos; e também no combate, com o aumento significativo do número de Equipas de Intervenção Permanente
(EIP) nas associações de bombeiros, o reforço do GIPS (Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro), da GNR,
a reposição e o reforço de equipamentos e viaturas e um envolvimento mais efetivo das Forças Armadas,
sobretudo na gestão dos meios aéreos e das equipas de rescaldo e vigilância pós-incêndio.