I SÉRIE — NÚMERO 60
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lhes que terão estas linhas de financiamento disponíveis para fazer estes investimentos, que são absolutamente
essenciais.
Mas precisamos ter noção de que o dever de limpar não terminou hoje, esse dever continua. O que se
acrescenta hoje é que além do dever há também a faculdade de as câmaras municipais poderem intervir e
seguramente irão também fazê-lo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Primeiro-Ministro, é evidente que a limpeza das matas e das
florestas tem de ser feita. Não há dúvida e Os Verdes já o reafirmaram aqui inúmeras vezes, mas tem de ser
feita com meios e tendo as questões práticas asseguradas, Veja bem que também a própria linha de crédito não
estava pronta para que as pessoas pudessem dela usufruir dentro do prazo.
Repare bem, Sr. Primeiro-Ministro, há meios que têm de ser assegurados para que, de facto, as coisas
possam acontecer, para atingirmos os objetivos que queremos.
Há outra questão que gostaria de colocar ao Sr. Primeiro-Ministro: o que é que o Governo vai fazer em
relação à Resolução n.º 1/2018, aprovada na Assembleia da República com os votos a favor — repare! — do
PS, do Bloco de Esquerda, do PCP e de Os Verdes e com a abstenção do PSD e do CDS?
Que resolução é esta? É a resolução que determina que a Assembleia da República decidiu dirigir-se ao
Governo no sentido de dizer que a contagem de todo o tempo de serviço para efeitos de progressão na carreira,
— dos que dependem também da contagem do tempo de serviço — tem de ser feita. Esta Resolução n.º 1/2018
resultou de um projeto de resolução que Os Verdes apresentaram na Assembleia da República por uma questão
de justiça, designadamente para com aqueles professores que trabalharam durante nove anos e, em relação
aos quais, o Governo ameaça fazer um apagão relativamente a um conjunto significativo desses anos, no
sentido de não os contabilizar para efeitos de progressão na carreira.
O descongelamento das carreiras tem necessariamente de ser feito, mas com justiça. As pessoas
trabalharam, prestaram um serviço e esse serviço tem de ser contabilizado.
O que é que o Governo vai fazer a uma resolução aprovada, com este significado, na Assembleia da
República?
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro António Costa.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, o apagão existiu no dia em que
foram congeladas as carreiras.
O que consta do Programa do Governo, o que o Governo acordou e se predispôs a fazer foi pôr novamente
a contar o cronómetro que esteve parado. Isso é que é o descongelamento, foi isso que nos comprometemos
fazer e é isso que estamos a fazer. E estamos a fazê-lo para o conjunto da Administração Pública e também
para os professores, que, com a reposição da contagem do tempo de serviço, seguramente, ao longo deste ano
já progredirão 46 000 professores.
Entendemos que poderia haver uma incongruência entre o ritmo de progressão nas carreiras dos professores
relativamente às carreiras gerais, por causa da diferenciação no modo de progressão na carreira. Foi nesse
sentido que o Governo se predispôs a negociar com os sindicatos dos professores e a apresentar uma proposta
que, do ponto de vista da equidade, é a aquela que reporia a igualdade. Infelizmente, os sindicatos recusaram
liminarmente esta proposta e neste momento estamos neste ponto.
O Sr. Presidente: — Tem de terminar, por favor, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas o que consta do Programa do Governo, descongelar as carreiras, significava
e significa repor a contagem do tempo de serviço, que deixou de contar no dia em que o cronómetro foi parado.