16 DE MARÇO DE 2018
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De facto, o problema é que, ao nível da União Europeia, as elites não se consciencializam dessa realidade
e desse sentimento dos povos. Acho que só por isso é que se continua a insistir num aumento da despesa na
área da defesa à dimensão a que se assiste. Por exemplo, a cooperação estruturada permanente é nitidamente
um aprofundamento dessa aposta militarista.
Ora, não é essa a reivindicação que os povos fazem. Esse aumento do orçamento na área da defesa traz
certamente vantagens para a indústria de armamento, designadamente a de França e a da Alemanha, mas, Sr.
Primeiro-Ministro, também traz desvantagens para a aposta e para o reforço das políticas sociais e de coesão,
tão reclamadas pelos cidadãos e pelos diversos povos dos Estados-membros da União Europeia. E é assim que
se vai cavando esse fosso entre as necessidades dos cidadãos e as prioridades avançadas pela União Europeia,
designadamente ao nível orçamental.
É por isso que o Sr. Primeiro-Ministro diz assim: «Bem, com o aumento do orçamento da defesa, temos aqui
novos encargos e precisamos necessariamente de mais recursos». E lá vem a história dos impostos europeus.
Para quem gosta do federalismo europeu, imagino que seja uma grande bandeira e uma grande conquista, mas
para quem não se revê nessa lógica e nesse modelo é grave.
É grave porquê? Não vou pronunciar-me agora sobre aquilo em que os impostos incidem — é sobejamente
conhecida a posição de Os Verdes relativamente ao princípio do poluidor-pagador… Aliás, tenho visto até que
algumas bancadas que, antes, não tinham exatamente a mesma posição de Os Verdes começam agora a
consciencializar-se sobre a importância de não assentar as políticas ambientais no princípio do poluidor-
pagador, mas, sim, noutras formas preventivas que verdadeiramente salvaguardem a defesa do ambiente, e
isso é importante.
A verdade é que estes impostos europeus vão retirar até a possibilidade de os Estados-membros obterem
as suas receitas próprias, transferindo essa obtenção de receitas para a União Europeia.
Sr. Primeiro-Ministro, a posição de Os Verdes sobre esta matéria também é sobejamente conhecida: o
orçamento da União Europeia deve ser construído através das contribuições dos seus Estados-membros, em
função do rendimento nacional bruto de cada país.
De facto, deve ser essa a lógica de construção do orçamento da União Europeia e deve ser essa a base da
promoção de políticas de coesão que, efetivamente, respondam às necessidades dos cidadãos e não às
necessidades dos Estados Unidos da América, da NATO (North Atlantic Treaty Organization) e das indústrias
de armamento.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Srs. Deputados, está encerrado o debate sobre o último ponto
da nossa ordem de trabalhos. Agradeço a presença do Sr. Primeiro-Ministro e demais Membros do Governo.
O Sr. Secretário António Carlos Monteiro vai dar contas de projetos de resolução que deram entrada na
Mesa.
Tem a palavra, Sr. Secretário.
O Sr. Secretário (António Carlos Monteiro): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, deram entrada na Mesa, e
foram admitidos pelo Sr. Presidente, os projetos de resolução n.os 1418/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo que
promova a alteração da Portaria n.º 236/2013, de 24 de julho, que aprova o regulamento da medida Comércio
Investe (PSD), que baixa à 6.ª Comissão, 1419/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo que adote medidas que
permitam a criação de centros de elevada competência científica e tecnológica para os institutos politécnicos do
interior do País (PSD), que baixa à 6.ª Comissão, 1420/XIII (3.ª) — Apoio à modernização das empresas
comerciais, designadamente do comércio tradicional, em localidades onde estão a ser criados novos projetos
de grandes superfícies comerciais ou realizadas ampliações nas já existentes (PSD), que baixa à 6.ª Comissão,
1422/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo que reforce a proteção dos cidadãos adquirentes de imóveis em caso
de insolvência judicialmente declarada das empresas e empresários em nome individual que exerçam atividade
na área da construção civil ou de insuficiência económica da pessoa responsável pela reparação de defeitos
ocorridos em edifícios (PSD), que baixa à 11.ª Comissão, 1423/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo o reforço
da valorização da importância geoestratégica do arquipélago da Madeira (PS) e 1424/XIII (3.ª) — Recomenda