17 DE MARÇO DE 2018
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Esta é a realidade. E temos duas hipóteses: ou fechamos os olhos a esta realidade ou agimos em
conformidade, no sentido, até, de garantir a dignidade destes professores, mas também de garantir as melhores
condições de ensino a todos os alunos e, portanto, ao bem-estar de toda a comunidade escolar.
É justamente no sentido de ser pró-ativo e dar uma resposta concreta que Os Verdes vêm hoje reapresentar
o seu projeto de resolução, que propõe um regime transitório para a aposentação de professores e educadores,
com vista a criar justiça nesse regime de aposentação.
Reforço a ideia da reapresentação do projeto porque, de facto, já o apresentámos e discutimos nesta
Legislatura, pese embora noutra sessão legislativa, e este projeto foi chumbado. E aquilo que Os Verdes hoje
vêm reclamar é uma maior reflexão por parte de todos os grupos parlamentares sobre a necessidade de darmos
uma resposta, a efetiva resposta que este projeto acaba por dar e, portanto, no sentido de refletirem sobre a
vossa posição em relação a esta matéria, para que possamos dar uma resposta efetiva àquilo que estes
peticionários colocam à Assembleia da República.
Assim, Os Verdes vêm apresentar como proposta uma recomendação ao Governo para que se dê início a
negociações com vista à criação de um regime de aposentação de professores e educadores, com o único
requisito dos 36 anos de serviço e respetivos descontos e, por outro lado, enquanto isso não acontece, que se
crie de imediato, um regime transitório que possibilite a aposentação voluntária de docentes e educadores com
40 ou mais anos de serviço e descontos.
Portanto, Sr.as e Srs. Deputados, estamos convictos de que é urgente a adoção de um regime de
aposentação adequado e justo, que tenha em conta todas estas questões e que seja visto como uma
necessidade de proteger a dignidade, como referi, de inúmeros professores e de garantir uma renovação
geracional indispensável, bem como de gerar melhores condições de aprendizagem para os alunos.
É justamente nesse sentido que Os Verdes apresentam este projeto de resolução.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Mesquita, do Grupo
Parlamentar do PCP.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O PCP começa por cumprimentar os
mais de 19 000 subscritores da petição n.º 253/XIII (2.ª), que solicitam a criação de um regime de exceção no
acesso à reforma para os professores.
Não é a primeira vez que o PCP traz à discussão a necessidade de valorização das longas carreiras
contributivas, bem como a necessidade de consideração de regimes de aposentação relativos a situações
específicas, como no caso da docência. Temos desde sempre defendido que a criação de um regime de
aposentação o mais abrangente possível, de modo a que não se criem injustiças, é uma tarefa exigente e
complexa, mas é também justa e não pode continuar a ser adiada. Por isso, temos defendido a possibilidade de
antecipação da idade de acesso à pensão de velhice, sem penalizações, para todos os trabalhadores com 40
anos de contribuições. Mas, mais: defendemos igualmente que seja considerada a aplicação de regimes
específicos de aposentação, como no caso de professores e educadores, havendo uma prévia avaliação dos
impactos de medidas tendentes à sua concretização, bem como de abertura dos procedimentos negociais
respetivos.
É, de facto, reconhecido o extremo desgaste que estas profissões têm e por inúmeras vezes o temos
discutido aqui, na Assembleia da República, mas tarda serem tomadas medidas concretas que resolvam esta
situação.
O PCP há muito que tem proposto que se proceda a uma avaliação do impacto que a eliminação dos regimes
especiais de aposentação teve no funcionamento dos serviços públicos. Mas, pasme-se, esta proposta foi
sempre rejeitada por PSD, CDS e PS. Por isso, é no mínimo curioso ver a entrada de um projeto de resolução
do CDS a recomendar um estudo e posterior abertura de negociação para a criação de um regime especial de
aposentação, pois quando estiveram no Governo anterior não só não resolveram o problema, como pioraram, e
muito, a situação dos professores e educadores, de norte a sul do País, nem nunca estiveram, de facto,
interessados em conhecer os reais impactos que a alteração das regras teve, quer na vida dos trabalhadores,
quer também nos próprios serviços públicos.