I SÉRIE — NÚMERO 61
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Primeiro, queremos que se reforce o apoio social às pessoas dependentes e as respostas em termos de
cuidados formais.
Em segundo lugar, queremos que os cuidadores tenham condições para conciliar os cuidados com a vida
profissional, prevendo licenças, faltas para assistência, redução do tempo de trabalho e alterações à legislação
laboral.
Em terceiro lugar, propomos que a prestação de cuidados informais seja reconhecida quando se calcula a
pensão de velhice, contabilizando para a carreira contributiva a prestação de cuidados. Com o Estatuto do
Cuidador Informal definimos direitos e deveres dos cuidadores e um plano de cuidados, de capacitação e de
acesso à informação, que tem de envolver e respeitar a decisão da pessoa cuidada.
Queremos também concretizar o direito ao descanso dos cuidadores: por cada mês de prestação de
cuidados, pelo menos quatro dias de descanso, pelo menos 11 dias por ano de férias consecutivas, garantidas
pela entrada em cena de cuidadores formais que prestem cuidados domiciliários ou pela possibilidade de a
pessoa cuidada ser internada numa unidade da Rede Nacional de Cuidados Integrados Continuados.
Não vos prometemos o paraíso na Terra, mas entendemos que é preciso começar a reconhecer os cuidados
e iniciar agora o processo de especialidade desta lei.
Pelos contactos que estabelecemos com os outros partidos, percebemos que, se tivesse sido hoje a votação,
o nosso projeto de lei teria sido aprovado. Cuidar é uma demonstração de generosidade e de atenção ao outro,
mas tem custos pesados, sobretudo para quem o faz sem apoio. E tem de ser uma escolha.
Por isso, estamos abertos a fazer esta lei, estamos disponíveis para trabalhar aqui, no Parlamento, com o
contributo de todos, mas não queremos perder mais tempo.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, pelo Grupo Parlamentar do PCP, o Sr. Deputado
João Dias, que gostaria de cumprimentar pela sua primeira intervenção em Plenário.
O Sr. João Dias (PCP): — Muito obrigado, Sr. Presidente.
Sendo esta a minha primeira intervenção no Plenário, gostaria também de começar por cumprimentar o Sr.
Presidente e os Srs. Deputados.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em primeiro ligar, gostaríamos de saudar os peticionários que aqui
se encontram, que, com um esforço que é de enaltecer, conseguiram trazer a debate um tema que preocupa
particularmente o PCP e que em muito afeta a vida de milhares de cuidadores.
Queria também lembrar o importante papel desempenhado pelos cuidadores informais na garantia da
qualidade de vida das pessoas cuidadas. Os cuidadores são gente que cuida de gente, estão sujeitos a uma
enorme sobrecarga física e psicológica que, em muitos casos, leva à exaustão e ao esgotamento.
Com o intuito de responder aos problemas dos cuidadores informais, o PCP tem tido uma intervenção
continuada sobre esta matéria, tem acompanhado a discussão sobre a necessidade de dar mais atenção aos
cuidadores informais e às situações familiares e sociais envolventes, bem como tem intervindo
institucionalmente, com propostas concretas. Entendemos que o Estado não se pode descartar das suas
responsabilidades, designadamente nas funções sociais do Estado, especialmente, no caso concreto, da saúde
e da segurança social. Entendemos que importa construir uma ampla resposta pública que, apoiando pessoas
em situação de dependência, garanta, simultaneamente, um suporte aos cuidadores informais. Por isso, no que
se refere aos projetos de resolução aqui apresentados, há propostas que nos colocam algumas reservas.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Como já afirmámos, os cuidadores informais estão sujeitos a uma grande
sobrecarga física e psicológica, porém deparam-se com a falta de mecanismos e apoios, designadamente
públicos, que minimizem tais impactos. Com o objetivo de minimizar as consequências do exercício da função
de cuidador informal, e porque é necessário reforçar os apoios e a prestação aos cuidadores informais, o PCP
apresenta um projeto de lei que, entre outros aspetos, reforça o apoio psicossocial, o apoio domiciliário e a
proteção social, bem como a formação e a capacitação dos cuidadores informais.