I SÉRIE — NÚMERO 61
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Mas PS, PSD e CDS têm agora a oportunidade, novamente, de se definirem:
se votam ao lado das justas aspirações dos trabalhadores ou se preferem trilhar em conjunto um caminho que
apenas aprofunda os impactos de décadas de política de direita.
Quanto ao PCP, não temos qualquer dúvida que o rumo de uma política alternativa que se exige implica levar
longe, mas muito mais longe, a valorização das longas carreiras contributivas.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para apresentar o projeto de resolução do CDS-PP, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ilda
Araújo Novo.
A Sr.ª Ilda Araújo Novo (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, começo por cumprimentar os 19 676
subscritores desta petição na pessoa da sua primeira peticionária, Maria Manuela Alves.
O teor da petição suscita, uma vez mais, tudo o que sobre esta matéria temos dito e pleiteado
sistematicamente, e que, aliás, consta da exposição de motivos do projeto de resolução que apresentámos.
Assim, a aposentação dos educadores de infância e dos docentes do ensino básico e secundário é uma
questão delicada e complexa que merece estudo e soluções. O Conselho Nacional de Educação afirma — e
cito — «num quadro de acrescidas dificuldades e grande complexidade, todos os docentes estão sujeitos a um
conjunto complexo de tensões, exigências e constrangimentos que decorrem de variados fatores, de entre os
quais se destacam a ambiguidade estrutural do seu Estatuto, a multiplicidade de funções e tarefas e as múltiplas
e exigentes expectativas que a sociedade tem sobre o seu desempenho».
Contudo, o envelhecimento médio dos profissionais docentes é notório em Portugal. Segundo a Associação
Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, o aumento da idade de reforma e o número residual
de professores contratados que ingressam na carreira levam a que a média de idade dos docentes seja cada
vez mais elevada, havendo por isso vantagem na renovação gradual do corpo docente com a introdução de
professores mais jovens no sistema, uma vez que muitas das nossas escolas possuem um corpo docente
estabilizado, mas desgastado e envelhecido.
O equilíbrio etário na classe docente é, pois, critério significativo na relação pretendida entre a experiência e
a novidade que devem coexistir numa instituição educativa, devendo ser considerado o elevado nível de
envelhecimento e a necessidade de renovar o corpo docente e assegurar a transmissão e renovação do
conhecimento e da cultura profissionais.
No CDS não há dúvidas de que se trata de matéria indiscutivelmente merecedora de reflexão, que exige
consenso e em que urge uma decisão.
É oportuno relembrar e salientar que, na sequência de reuniões entre o Ministério da Educação e os
sindicatos, em junho do ano passado, foi assumido um compromisso relativamente à aposentação, e cito: «Não
estando ainda reunidas as condições políticas e orçamentais para assegurar, neste momento, qualquer regime
de aposentação antecipada, específico para a carreira docente, compromete-se o Ministério da Educação a
garantir, nesta matéria, um acompanhamento próximo (…) de forma a assegurar, para os trabalhadores
docentes, o paralelismo de eventual tratamento diferenciado».
Protestos de Os Verdes e da Deputada do PCP Ana Mesquita.
O Governo, através do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, veio, a propósito, lembrar
a homogeneização dos sistemas do regime convergente com o regime geral da segurança social, dizendo que
pretende assegurar um tratamento igual, pautado pelas mesmas regras. Mas, salvo o devido respeito, não se
devem pôr no mesmo plano dos professores aqueles que têm a sorte de poder desligar o computador, fechar a
porta da repartição e ir descansadamente para casa trocar canais de televisão.
Para os professores, todos os dias são segunda-feira.