12 DE MAIO DE 2018
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licença provisória ou adaptada sobre a poluição que emitem e que não se apliquem medidas de redução imediata
das descargas e emissões?
A poluição ambiental é um problema sistémico e intrínseco nas indústrias. O desrespeito pela importância do
ambiente a nível dos ecossistemas e biodiversidade, mas também a nível económico e social, tem sido a
constante e alterações a estes modelos exigem-se, tanto mais que o nosso País é um dos mais suscetíveis às
alterações climáticas.
Os projetos que se apresentam hoje são o início para que o ambiente deixe de ser subalterno e assuma a
centralidade que realmente tem na vida das pessoas, e o Bloco de Esquerda está em perfeito acordo com eles.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Ângela
Moreira, do PCP.
A Sr.ª ÂngelaMoreira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, cumprimento-os nesta que é a minha
primeira intervenção na Assembleia da República.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Permita-me, então, que a interrompa, Sr.ª Deputada, para lhe desejar
um excelente mandato parlamentar.
A Sr.ª ÂngelaMoreira (PCP): — Muito obrigada, Sr. Presidente.
No final do ano passado, assistimos a descargas criminosas de poluentes no rio Tejo que matam fauna e
flora, colocando em causa a sobrevivência económica de pescadores e agricultores.
Acontece que o Tejo que não é o único exemplo. A contaminação é geral nos afluentes e principais rios do
País, onde há descargas domésticas por falta de saneamento básico, bem como criminosas descargas de
matérias poluentes feitas por fábricas que não respeitam as leis ambientais.
Existem relatórios oficiais que identificam problemas. No entanto, não se tem avançado naquilo que o PCP
tem considerado fulcral: a capacidade de o Estado garantir todos os meios materiais e humanos necessários à
monitorização, fiscalização e acompanhamento dos parâmetros ambientais dos rios; a implementação de
medidas necessárias para mitigar os efeitos da poluição que se fazem sentir no rio; e a revisão dos planos e
procedimentos de emergência face a incidentes relacionados com poluição.
Esta capacidade de monitorização e de intervenção do Estado é essencial para poder contabilizar a atividade
produtiva, a melhoria das condições de vida das populações e a qualidade ambiental.
Nós não queremos a destruição das empresas e locais de trabalho. A atividade económica é importante, mas
tem de cumprir a lei e tem de respeitar a qualidade de vida dos cidadãos, não podendo traduzir-se num elemento
de deterioração da qualidade de vida das populações.
A Sr.ª CarlaCruz (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª ÂngelaMoreira (PCP): — O Despacho n.º 10466/2017, no seu artigo 18.º, do vem dar cobertura, de
forma lamentável, a atentados ambientais que se têm verificado quando permite que possíveis infratores possam
ser avisados com antecedência das visitas às instalações inspecionadas pelas autoridades competentes para a
fiscalização dos procedimentos dessas mesmas empresas no que se refere a descargas para os rios de matérias
que devem ser, antes, sujeitas a tratamento.
Quero saudar os Deputados do Partido Ecologista «Os Verdes» pelo projeto de lei apresentado, pois refletir
sobre este tema faz todo o sentido.
A Sr.ª CarlaCruz (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª ÂngelaMoreira (PCP): — Só com meios do Estado se pode garantir o cumprimento de caudais que
preservem o equilíbrio dos ecossistemas e a biodiversidade, a medição da qualidade da água do rio Tejo, a
realização de ações de fiscalização inspetivas regulares que permitam identificar os focos de poluição.