19 DE MAIO DE 2018
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O Sr. Ministro do Ambiente: — Não podemos encher a boca a tentar valorizar, e bem, a Administração
portuguesa e depois, quando estas decisões são tomadas, proceder como se essa Administração não existisse
e fosse um grupo de pessoas incapazes.
Aplausos do PS.
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Então, os Deputados são incompetentes, com certeza!
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado André Silva.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr. Ministro do Ambiente, Sr.as e Srs. Deputados: O País
encontra-se incrédulo com o parecer da Agência Portuguesa do Ambiente, que entende dispensar a elaboração
de uma avaliação de impacte ambiental para o furo de prospeção de petróleo na costa de Aljezur.
Na tentativa de justificar esta decisão, a APA contradiz-se em todo o parecer. Contudo, e porque só tenho 1
minuto, irei focar-me no aspeto mais óbvio desta contradição gritante.
A APA identificou, página 8 do Parecer sobre a sujeição a avaliação de impacte ambiental, que a área de
perfuração constitui um local de passagem de cetáceos, sendo frequente a presença de várias espécies como
cachalotes, baleias ou golfinhos. Refere, ainda, como sendo muito relevante a emissão de elevados níveis de
ruído, que terão consequências negativas nestas espécies de cetáceos.
Ora, a APA está a negligenciar o facto de todas as espécies de cetáceos se encontrarem protegidas pelo
Decreto-Lei n.º 140/99 e que, de acordo com a legislação que regulamenta a avaliação de impacte ambiental,
todos os projetos que tenham impactos, diretos ou indiretos, nestas espécies terem de ser sujeitos a uma
avaliação de impacte ambiental, o que é o caso.
Sr. Ministro, não é compreensível que a APA, após ter identificado e assumido que estes trabalhos terão
impactos negativos nestas espécies, não tenha considerado razão suficiente a necessidade de elaboração de
uma avaliação de impacte ambiental. Pelo contrário, ficou-se por um mero plano de monitorização. Isto é
totalmente irresponsável!
Para a APA, a aplicação de instrumentos legais de políticas de defesa e valorização do ambiente, de proteção
dos ecossistemas e dos animais marinhos é um obstáculo à atividade económica.
Sr. Ministro do Ambiente, a APA existe para defender os valores ambientais e não para ser uma secretaria
do Ministério da Economia. Não é compreensível nem aceitável que esta Agência nunca aplique o princípio da
precaução, que não ouça os cidadãos, as ONG (organizações não governamentais) e a Assembleia da
República e que se coloque sempre ao lado das indústrias poluentes. É assim com o petróleo, com as celuloses
e com as suiniculturas.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado José Carlos Barros, do PSD.
O Sr. José Carlos Barros (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Saúdo Os Verdes por trazerem
este tema a debate e começo por lembrar que esta discussão ganha atualidade, desde logo porque o Governo
e o PS, nesta matéria, reiteradamente, têm proclamado uma coisa e praticado o seu contrário.
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. José Carlos Barros (PSD): — E ganha atualidade porque aquilo que sempre considerámos essencial
neste debate, por um lado, transparência, por outro lado, garantias de segurança ambiental, são, como se tem
visto e agora se está a ver, preocupações a que o Governo diz nada.
Por isso, este debate é também sobre credibilidade e confiança, neste caso sobre quebra de confiança.
O Governo e o PS podem ser a favor ou contra a pesquisa e prospeção de petróleo. Incompreensível é que,
simultaneamente, ou consoante, sejam a favor e sejam contra.