24 DE MAIO DE 2018
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Desde a aprovação deste Programa em 2016, foi possível mais incentivos à atividade empresarial e ao
emprego — mais de 4200 candidaturas nos territórios de baixa densidade com investimentos de 389 milhões de
euros; mais incentivos fiscais ao interior em sede de IRC; e mais incentivos para a mobilidade de médicos em
regiões carenciadas, visando a equidade no acesso a cuidados de saúde de qualidade, tendo sido criadas e
totalmente preenchidas 150 vagas.
Sr. Primeiro-Ministro, a coesão territorial reforçou-se ainda mais com a oferta de serviços públicos de
proximidade nos concelhos do interior, que acrescentaram: mais justiça, nomeadamente com a criação de 43
juízos de proximidade e com a reativação de 20 tribunais, beneficiando mais de 882 000 pessoas; mais
conhecimento, com a abertura de 76 Centros Qualifica no interior, retomando-se, sim, o ensino de adultos, em
boa hora; a manutenção de 400 turmas com menos de 21 alunos; a captação de alunos para instituições do
ensino superior em regiões do interior através do aumento em 5% do número de vagas; a valorização dos
politécnicos, com mais de 12 000 alunos inscritos nos cursos técnicos superiores profissionais lecionados
exclusivamente nestes estabelecimentos; mais ciência, com o lançamento de três dos seis laboratórios
colaborativos; e mais segurança no interior, com as forças de segurança pública, com melhoramentos e
modernização em 49 postos da GNR e esquadras da PSP nos concelhos do interior e mais 79 equipas de
intervenção em permanência nos quartéis de bombeiros, num total de 395 operacionais.
Uns tornaram o Estado mais distante e ausente; outros aproximaram esse Estado dos cidadãos, tornando-o
um Estado presente!
De relevo foi ainda a aprovação de 511 candidaturas no interior ao Programa Porta 65 Jovem e a abertura
de 215 Espaços do Cidadão no interior.
Sr. Primeiro-Ministro, o Programa Nacional para a Coesão Territorial será agora reavaliado. Este é o
momento certo para o fazer. Estamos a negociar o quadro financeiro e a projetar os fundos estruturais.
Assim, pergunto: qual o papel que, nas agendas de política pública do PT 2030, ocuparão a competitividade
e a coesão no interior e nos territórios de baixa densidade, sabendo que a visão preconizada por Portugal tem
por principal eixo «As pessoas primeiro: um melhor equilíbrio demográfico, uma maior inclusão e menos
desigualdade»?
Mas coesão rima com descentralização e a transferência de competências da administração central para os
municípios e destes para as freguesias, que estão em posição de conhecer de um modo profundo as assimetrias
e necessidades sociais, irá também promover uma mudança de paradigma: de um Estado centralizado, um dos
mais centralizados da Europa, que cristaliza desigualdades, caminharemos para um Estado mais
descentralizado, logo mais próximo, mais eficiente.
Sr. Primeiro-Ministro, considera que será através de um poder local mais valorizado, com novas
competências e com regiões com mais escala no interior que asseguraremos também um desenvolvimento mais
harmonioso e mais equilibrado destes territórios e das pessoas que neles vivem?
Sr. Primeiro-Ministro, precisamos de nos mobilizar com ambição, por todos os que vivem no interior, num
interior pleno de oportunidades e de recursos endógenos, por pessoas, cidadãos, que são parte plena desse
Portugal inteiro que queremos cada vez mais justo e mais coeso. Se não for agora, quando será?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Susana Amador, em primeiro lugar, e começando
pelo Portugal 2030, quero dizer-lhe que o documento que tivemos em discussão pública e que tem como objetivo
fundamental a convergência com a União Europeia tem também um outro objetivo fundamental: sermos mais
competitivos externamente e mais coesos internamente.
Ora, é necessário saber compatibilizar estas duas dimensões, sendo que a coesão interna expressa-se,
desde logo, na relação do continente com as regiões autónomas, mas também no interior do continente.
Esta coesão com as regiões autónomas é fundamental na valorização das autonomias, na valorização do
princípio da continuidade territorial, na valorização e na proteção da especificidade das regiões ultraperiféricas
e o debate e o trabalho que temos feito em conjunto com estas regiões é muito importante.