24 DE MAIO DE 2018
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Creio que isso une todos os partidos políticos nesta Assembleia da República e
tem de unir todos os Eurodeputados que estão no Parlamento Europeu, além de exigir uma grande concertação
de forças.
Termino, Sr. Presidente, dizendo que essa concertação de forças é essencial existir, não só internamente,
como também externamente, para a defesa da política de coesão, assim como da política agrícola comum (PAC)
e, dentro dessa, muito em especial aquilo que diz respeito ao segundo pilar, que é o que tem a ver com o
desenvolvimento rural.
Portanto, tudo isto é essencial para o desenvolvimento do interior.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para formular perguntas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, do Grupo
Parlamentar de Os Verdes.
A Sr.ª HeloísaApolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Os Verdes vêm hoje a este
debate fazer-lhe um desafio direto: reverta a decisão de não haver avaliação de impacte ambiental relativamente
ao furo para pesquisa de petróleo ao largo de Aljezur.
Não vale a pena comprar uma guerra relativamente a esta matéria, Sr. Primeiro-Ministro.
É de alguém com responsabilidade promover uma avaliação de impacte ambiental relativamente a um projeto
que gera sérias dúvidas, preocupações, contestações legítimas e que deve ser estudado ao pormenor, além de
dever ser permitida a participação pública de milhares de cidadãos, de movimentos, de autarquias. O Governo
não deve cortar a possibilidade de essa democracia participativa também poder florescer.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, em primeiro lugar, o Governo
não pode, nem deve, interferir na decisão técnica tomada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA). É uma
decisão que deve ser respeitada, assim como as 50 medidas de minimização e de acompanhamento ambiental
que foram determinadas pela mesma Agência.
Recordo que a decisão da Agência Portuguesa do Ambiente distingue duas situações: a da pesquisa, em
que a APA dispensou a avaliação de impacte ambiental, e a de uma eventual situação de hipotética exploração,
em que será necessária a avaliação de impacte ambiental.
O que está em causa — e só — é a dispensa relativamente à prospeção, não está em causa a dispensa
quanto a uma eventual e hipotética exploração.
Como tenho dito, o objetivo deste Governo é dar prioridade a uma estratégia de descarbonização da
economia, uma estratégia que não tem contradição com o facto de termos de cumprir este contrato que
autorizará, se for o caso, a exploração de petróleo.
Mas, mesmo no quadro de descarbonização da economia, o petróleo vai ser consumido, seguramente, por
muitos e duradouros anos. No caso concreto de Portugal, mesmo que atinjamos, como desejamos, o objetivo
de neutralidade carbónica em 2050, o nosso País continuará a importar 10 a 15 milhões de barris por ano, o que
representa um peso muito significativo na nossa balança de pagamentos.
A eventual existência de petróleo e a sua eventual exploração terá o efeito, mesmo no cenário de neutralidade
carbónica em 2050, de garantir a Portugal que sejam substituídas importações que pesam na nossa balança
comercial pela utilização de recursos naturais próprios, sobre os quais não temos o direito de abdicar de saber
se existem e, a ser explorados, terão de o fazer com a garantia de todas as condições ambientais.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.