I SÉRIE — NÚMERO 88
26
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem de concluir.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … mas, se não forem tomadas medidas de fundo para a defesa do
Serviço Nacional de Saúde e da saúde dos portugueses, vai haver agravamento dos problemas.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, acho que fez uma síntese
feliz: não está pior e temos de continuar a trabalhar para continuar a melhorar. É esse o trabalho que temos de
fazer e, como o Sr. Deputado costuma dizer, enquanto houver caminho, vamos continuar a caminhar. Há
caminho, continuamos a caminhar, porque é necessário continuar a prosseguir este caminho.
Relativamente ao interior, não é dizer que «agora é que é!», é dizer que «tem sido». E tive oportunidade de
recordar aqui um conjunto de medidas que têm sido tomadas, ao longo destes dois anos e meio, que não são
promessas do que virão a ser, são já concretizações efetivamente realizadas. E não são medidas avulsas.
O Programa Nacional de Coesão Territorial visa precisamente uma integração das políticas dos diferentes
ministérios e, por isso, foi coordenado, primeiro, pelo, então, Ministro Adjunto, é coordenado, agora, pelo atual
Ministro Adjunto — creio que não há aqui nenhuma incompatibilidade, porque não nasceu, não vive nem trabalha
no interior — e tem uma taxa de execução de 74%. Estamos, neste momento, precisamente, a fazer a sua
avaliação, porque, ao fim de dois anos, ou seja, em outubro do próximo ano, temos de lançar a segunda fase
deste Programa e, por isso, é importante enriquecê-lo com diferentes contribuições.
Agora, não tenho a visão de que o interior se possa defender aldeia a aldeia. Para defender o conjunto
daquele território, temos de ter um ordenamento do território fortemente polarizado também pelas cidades
médias que existem no interior e com capacidade para dinamizar o conjunto daquelas regiões.
É por isso que, por exemplo, uma medida que aqui referi é a de três dos laboratórios colaborativos estarem
situados precisamente no interior, nas culturas de montanha. O Instituto Politécnico de Bragança, por exemplo,
é o Instituto onde temos o centro de investigação com maior número de patentes registadas em Portugal,
produzidas no nosso sistema científico. Isto é fundamental, porque é com a valorização dos produtos endógenos
que podemos valorizar a capacidade de o interior atrair e fixar emprego, e só atraindo e fixando emprego é que
conseguimos atrair e fixar população.
Temos de olhar para o interior não como as traseiras do litoral mas como a zona de localização ideal para
quem, olhando para o quadro global do mercado da Península Ibérica, queira produzir para o conjunto do
mercado ibérico. É assim que, por exemplo, muitas das regiões da raia se têm vindo a desenvolver, fixando aí
empresas industriais que trabalham em grande interligação com empresas industriais que residem no lado de lá
da fronteira. O que se está a passar, por exemplo, na região do Alto Minho, em relação à indústria automóvel é,
desse ponto de vista, exemplar.
Claro que temos de continuar a tomar medidas estruturantes, à semelhança da do Alqueva, no Alentejo,
como, por exemplo, a do Programa Nacional de Regadios — já assinámos o acordo com o Banco Europeu de
Investimento —, para levarmos água a mais 90 000 ha de regadio para, precisamente, dotarmos o País de
melhores condições para o desenvolvimento do seu território rural e, designadamente, os territórios de baixa
densidade.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Vou já concluir, Sr. Presidente.
E tem razão, Sr. Deputado. Podemos tentar encontrar meios complementares de financiamento, como é o
caso do Banco Europeu de Investimento, mas a política de coesão é essencial. A defesa da política de coesão
no próximo quadro financeiro plurianual é absolutamente essencial.
O Sr. Presidente: — Tem mesmo de concluir, Sr. Primeiro-Ministro.