I SÉRIE — NÚMERO 92
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… agora, dizendo querer ajudar, lá chegam, em que tom e com que resultados.
Aplausos do PS.
Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, termino, dizendo que Portugal precisa de paz social para progredir.
Portugal precisa de crescer e de se tornar mais competitivo. Para isso são decisivos os apoios europeus da
próxima década. São trabalhos que não se esgotam, e em que não nos esgotamos, e para os quais todos
devemos estar convocados, trazendo mais benefícios para os que trabalham e mais confiança para os que
investem.
Bom trabalho, Sr. Primeiro-Ministro!
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro, António Costa.
O Sr. Primeiro-Ministro (António Costa): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Carlos César, vou começar pela
primeira questão, relativa à legislação do trabalho.
Este é o primeiro acordo de concertação, em muitos anos, que interrompe a tendência para a desregulação
do trabalho e para o fomento da precariedade, pelo contrário, centra-se no combate à precariedade e na
dinamização da contratação coletiva.
A existência de um acordo é, em si, boa, porque significa o bom funcionamento da concertação social como
pilar importante do nosso Estado democrático. É importante, porque um acordo feito hoje limita a possibilidade
de recuos amanhã. É bom, porque, face às recomendações internacionais, do FMI (Fundo Monetário
Internacional), da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) e da União Europeia,
para que fôssemos em sentido contrário, é importante ter uma posição nacional sólida e consolidada com os
parceiros sociais. Mas é, sobretudo, bom, porque este acordo, assinado por todas as confederações patronais,
significa uma mudança de paradigma na visão das associações patronais relativamente ao mercado de trabalho,
é a compreensão de que o combate à precariedade não é só um combate pela dignidade e pelos direitos de
quem trabalha, é também uma condição essencial para a melhoria sustentável da produtividade de cada
empresa. É por isso que é muito importante este acordo.
Aplausos do PS.
Este acordo reforça, desde logo, as condições da administração do trabalho, designadamente da Autoridade
para as Condições do Trabalho (ACT). Este acordo dinamiza a contratação coletiva, pondo fim, como consta do
Programa do Governo, ao banco de horas individual ou ao banco de horas grupal, constituído por negociação
individual, reforçando, assim, a negociação coletiva e a proteção coletiva dos trabalhadores.
Mais: ao mesmo tempo que limita as condições de caducidade da contratação coletiva, prevê que, em caso
de caducidade, transitem automaticamente para o contrato individual de trabalho matérias anteriormente
reguladas na contratação coletiva, como os direitos de parentalidade ou os relativos aos estudantes
trabalhadores, assim perpetuando os direitos já adquiridos na contratação coletiva.
Aplausos do PS.
Mas é, sobretudo, em matéria de combate à precariedade e à segmentação do mercado de trabalho que este
acordo dá passos muito positivos, em estrita execução do que consta do Programa do Governo. Em primeiro
lugar, reduz os fundamentos para o recurso a contrato a prazo. Deixam de ser fundamentos para o recurso a
contrato a prazo estar à procura do primeiro emprego ou ser desempregado de longa duração. Nem o
desemprego de longa duração nem um jovem à procura do primeiro emprego têm de estar, por definição,
condenados a um contrato a prazo.