I SÉRIE — NÚMERO 96
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A Sr.ª Marisabel Moutela (PS): — Ah!…
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — … que é cristalino nesta matéria, ao dizer que 2017 foi o pior ano da
reforma dos cuidados de saúde primários relativamente às unidades de saúde familiar (USF). Diz-nos o Relatório
que os cuidados de saúde primários revelam, e cito, «carências estruturais», sendo duvidoso o grau de
prioridade desta área para o Governo.
Como é que comenta estes mesmos factos, que não são sublinhados pelo CDS mas, sim, por uma entidade
independente?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Assunção Cristas, o Sr. Ministro da Saúde já teve
oportunidade de comentar esses factos. Obviamente que os problemas estruturais não se resolvem em dois
anos, Sr.ª Deputada. Por isso, são problemas estruturais e não conjunturais.
O que temos vindo a fazer é aquilo que é essencial, depois de 10 anos de crise e de desinvestimento ativo
na política de saúde. E isso tem significado aumento do investimento e aumento dos recursos humanos. E é
isso que iremos continuar a fazer para, hospital a hospital, unidade de saúde familiar a unidade de saúde familiar,
especialidade a especialidade, continuar a melhorar o nosso Serviço Nacional de Saúde.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, o problema não são só os
cuidados de saúde primários, como já vimos. Mas o CDS sinalizou-o nesta Casa e o Observatório reitera
exatamente isso, ou seja, que os mesmos, em 2017, tiveram o pior ano de sempre. Portanto, o SNS não está a
progredir, está a regredir, está a desacelerar o passo nesta matéria.
Protestos do Deputado do PS João Galamba.
Mas não é só isso: são os cuidados hospitalares; são os cuidados continuados, que tiveram um recuo de
10% no seu apoio domiciliário, e será, em 1 de julho, a redução do período normal de trabalho dos profissionais
da saúde para as 35 horas semanais. Há dois anos, sinalizámos a irresponsabilidade que era, sem ser
devidamente preparado, uma passagem das 40 horas para as 35 horas semanais de trabalho, na saúde. Isso
iria resultar necessariamente ou numa redução da qualidade de serviço ou na necessidade de mais
contratações.
Sr. Primeiro-Ministro, o que é que nós tivemos? Uma redução brutal na qualidade dos serviços — de resto,
denunciada, mais uma vez, neste Relatório — com falta de médicos e falta de enfermeiros qualificados.
Precisámos de mais e mais horas-extra, acumulámos dívidas nessa matéria e os profissionais de saúde
acumulam desmotivação e exaustação. Há o garrote do Ministério das Finanças, há serviços a fechar por falta
de profissionais, há direções clínicas a demitir-se.
A minha pergunta é esta: como é que nos garante que, neste 1 de julho, as coisas vão ser diferentes?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Assunção Cristas, respondo-lhe da seguinte
forma: em 2017, houve mais 700 milhões de euros de transferências do Orçamento do Estado para o Serviço