21 DE JUNHO DE 2018
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Com toda a franqueza, percebo que haja quem não queira que estejamos no euro, mas, uma vez estando, é
melhor estar com capacidade de investir para superar o défice de competitividade que temos e corrigir as
assimetrias do que estar simplesmente sofrendo os choques assimétricos de um esforço de competitividade que
não temos de sofrer.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Se fosse para haver essas compensações não havia euro!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Eu sei! Sim, sim!
A segunda questão é a das migrações, que é uma questão central para a União Europeia.
Acompanho a Sr.ª Deputada Constança Urbano de Sousa na defesa da revisão da Convenção de Dublin e
numa partilha responsável e solidária dos encargos com a responsabilidade de assegurar a proteção
internacional, mas acho que temos de refletir bem sobre a regulação dos fluxos migratórios. É essencial criar
canais seguros de migração, se não quisermos manter a mortalidade dramática que temos tido no Mediterrâneo
e que é ofensiva para todos nós.
Para termos essa organização, esses canais devem começar a organizar-se do lado de lá do Mediterrâneo.
Uma coisa é, como alguns defenderam no passado, a existência de campos de concentração, de contenção, do
lado de lá do Mediterrâneo, outra coisa completamente diferente é a criação de canais, em parceria com o Alto-
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e com a Comissão Europeia, de forma a organizar os
fluxos migratórios. É que o problema não é só a proibição de entrada no lado de cá, o problema começa logo
na travessia. É aí que se dá a grande mortalidade e onde temos de ser capazes de intervir.
Em terceiro lugar, Sr. Deputado Pedro Mota Soares, não sou porta-voz da Comissão Europeia. Ao contrário
do que pretendeu dizer, não vim cá explicar e justificar a proposta da Comissão Europeia.
Aplausos do PS.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Fez um bom papel nisso!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Tenho repetidamente explicado por que é que esta proposta não é boa e porque
é que nos devemos bater para que seja melhor.
Mas também lhe devo dizer o seguinte: se os Srs. Deputados do PSD e do CDS querem entrar aqui num
concurso de quem ganha mais e de quem ganha menos, ficam já a saber que aquilo que VV. Ex.as negociaram
no anterior quadro comunitário é menos do que aquilo que nós já conseguimos obter no atual.
Aplausos do PS.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Seriedade, zero!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É bom que não entremos nesse campeonato, que é, aliás, absolutamente inútil
para os portugueses, porque aquilo que os portugueses querem hoje é que todos nós, do Bloco de Esquerda
ao CDS-PP, o Governo e os Deputados ao Parlamento Europeu, nos batamos para que Portugal tenha o maior
número de recursos possível…
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Responda às perguntas!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … para prosseguirmos o nosso desenvolvimento na política de coesão, na
política agrícola, na política de ciência, na política de defesa, ou seja, em todas as políticas da União Europeia.
É nisso que nos devemos concentrar!
Aplausos do PS.
O Sr. João Oliveira (PCP): — O CDS está transformado no MRPP dos fundos comunitários!