21 DE JUNHO DE 2018
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que servem para que os países possam convergir com a média europeia, descem em Portugal e sobem em
Espanha ou em Itália.
O Sr. Primeiro-Ministro vem aqui explicar, fazendo referência aos critérios de Berlim, ao desemprego e a um
conjunto de outras matérias, mas devia era estar preocupado e não conformado com uma proposta que é má
para Portugal e que ninguém percebe. Baixar as verbas da coesão para Portugal e subi-las para Espanha ou
para Itália é inexplicável! O que o Governo devia estar neste momento a fazer era a contrariar essa proposta e
não a tentar explicá-la aos Deputados portugueses.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Segunda nota, Sr. Primeiro-Ministro: seguimos com muita atenção,
como é óbvio, e isto também tem a ver com a agenda deste Conselho, o encontro que teve lugar ontem entre a
Chanceler alemã e o Presidente da República francês, o Sr. Macron. Este encontro tem algumas conclusões
que nos parecem positivas, como, por exemplo, as que têm a ver com a finalização da arquitetura da zona euro,
que é uma matéria que para Portugal é muito relevante, mas também tem matérias sobre as quais não queremos
deixar de expressar aqui a nossa estranheza.
E vou explicar-lhe por que é que queremos expressar aqui que não apoiamos propostas que lá estão
contempladas como, por exemplo, a de reduzir o número de comissários, permitindo até que alguns países,
nomeadamente os países mais pequenos e médios, possam perder o seu comissário, ou as propostas sobre as
listas transnacionais. Vou, então, explicar-lhe por que é que o fazemos aqui, perante os representantes do povo
português.
Em janeiro deste ano, o Sr. Primeiro-Ministro foi a uma cimeira, em Roma, com um conjunto de países e,
sem mandato do Parlamento, subscreveu uma declaração que apoiava as listas transnacionais em candidaturas
ao Parlamento Europeu, que é uma ideia que para Portugal é profundamente errada, é uma ideia que é má para
nós.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — O Sr. Primeiro-Ministro, sem espécie de mandato algum, foi lá e
apoiou essa proposta do Sr. Macron, mas, depois, chegou a Portugal e, pelos vistos, deve ter-se arrependido
um bocadinho, porque veio dizer que não concordava muito com a ideia. O grave, Sr. Primeiro-Ministro, é que
a ideia fez o seu caminho e esteve ontem na declaração.
Por isso mesmo, quero perguntar-lhe, e o Sr. Primeiro-Ministro deve dizê-lo aqui, no Parlamento,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Claro!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — … uma coisa muito simples: no próximo Conselho Europeu, o que
é que Portugal vai dizer relativamente a estas duas questões, ou seja, redução do número de comissários,
permitindo que alguns países não tenham comissário, e listas transnacionais?
Era muito importante que o Sr. Primeiro-Ministro fosse claro aqui e, acima de tudo, que fosse muito claro na
próxima Cimeira Europeia.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Depois, Sr. Primeiro-Ministro, ainda dentro do tempo de que
disponho, quero colocar-lhe uma terceira questão. Dizia, há poucos dias, o Sr. Vice-Presidente da Comissão
Europeia, Frans Timmermans, que vamos ter um Conselho Europeu num momento auspicioso. A mim,
infelizmente, não me parece um momento auspicioso, pelo contrário, parece-me um momento particularmente
embaraçoso. A crise que aconteceu com o episódio do navio Aquarius tornou muito visível uma fratura que,
infelizmente, existe há muito tempo dentro da União, pelo menos desde 2012, de uma forma muito clara, e que
tem a ver exatamente com a questão das migrações e dos refugiados e com o colapso do sistema de decisão
europeu.