I SÉRIE — NÚMERO 1
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O Sr. Heitor de Sousa (BE): — … tenha a extensão que tem hoje em dia ou, melhor, mais 100 km, se
tivermos em conta aquilo que o Ferrovia 2020 prevê contruir de novo, ou se queremos que a rede ferroviária,
assinalada no mapa a azul e a amarelo, regresse ao nosso quotidiano do transporte ferroviário, porque, caso
contrário, será muito difícil que o nosso País cumpra os compromissos que estão enunciados no Acordo de Paris
e que têm a ver com a promoção do transporte ferroviário de mercadorias e de passageiros e com o cumprimento
das metas de descarbonização da economia que o País subscreveu.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Ministro do Planeamento e das Infraestruturas.
O Sr. Ministro do Planeamento e das Infraestruturas: — Sr. Presidente, Srs. Deputados Bruno Dias e
Heitor de Sousa, relativamente à questão que ambos colocaram sobre o âmbito deste documento, que percebo,
devo dizer que o debate e o acompanhamento da execução da Estratégia Portugal 2030, que temos vindo a
discutir com a União Europeia, mas, sobretudo, a preparação do próximo ciclo de programação não se
estruturam apenas em torno das áreas de infraestruturas mais típicas, chamemos-lhe assim, ou seja, daquelas
que constavam anteriormente no PETI e às quais, agora, acrescentámos a área da descarbonização da
economia.
Por isso, pela natureza e pela importância desse objetivo estratégico, acrescentou-se ao que anteriormente
era o plano estratégico de transportes a área da descarbonização e considerou-se que, para a área dos
investimentos em infraestruturas, devia ser esta a prioridade do debate público.
Mas, como sabem, há uma comissão específica neste Parlamento para o acompanhamento da preparação
do Portugal 2030 e certamente que muitas outras áreas de investimento público e outras áreas de política pública
que se materializarem em investimentos em infraestruturas continuarão a ser preparadas e, certamente, serão
debatidas em sede parlamentar e consensualizadas com o País, como fizemos até agora.
Relativamente às questões que colocaram — agora, sim, já se começou a debater exatamente questões
concretas para futuro —, acho que devo responder da seguinte forma: primeiro, este plano deve responder a
três objetivos estratégicos que, aliás, estão consubstanciados no Portugal 2030, nomeadamente o reforço da
competitividade, o reforço da coesão territorial e atendendo, também, às questões da sustentabilidade, em geral,
do nosso modelo económico e social.
Portanto, é evidente que vai ser preciso continuar a investir na competitividade das nossas ligações ao
exterior. Aquela dimensão que fomos debatendo no contexto do Portugal 2030, ou seja, mais competitividade
externa, mas mais coesão interna, tem de estar presente. É exatamente este binómio «mais competitividade
externa/mais coesão interna» — e não respondendo, porque não o quero mesmo fazer numa fase de audição
pública, se o investimento A ou B lá vai estar — que nos vai nortear.
É preciso mais sustentabilidade e, por isso, mais eficiência energética, mais descarbonização da economia,
certamente, e mais competitividade nas nossas ligações ao exterior para promover, como, aliás, há pouco,
chegou a ser questionado, mais exportações da nossa economia, de todo o território, mas também é preciso
mais coesão interna. O que quer dizer que, em muito do nosso território que, no Plano Estratégico de
Transportes e Infraestruturas, foi, talvez, o pilar mais fraco, com a dimensão que nos deixaram e apresentaram
em Bruxelas e que era mais de encerrar alguns desses serviços no interior, temos de regressar ao debate sobre
o reforço da coesão interna, e ele certamente tem de estar presente no trabalho que vamos fazer.
Temos estado a dar exemplos concretos e acho que a dimensão do concreto tem de projetar a nossa
preparação do futuro. Quando hoje estamos a reabrir um troço fechado há uma década na nossa ferrovia ou
quando estamos a fazer os tais 100 km novos de ferrovia, isso está a ser feito no interior de Portugal e a caminho
da fronteira para dar competitividade aos portos, mas também para dar competitividade a essas nossas regiões
do interior que poderão exportar através dos portos, mas que poderão também ter ligações mais competitivas a
Espanha.
Portanto, há que continuar a trabalhar desta forma e há que trabalhar de forma alargada as várias áreas de
investimento que estão previstas no Portugal 2030, mas também — quero dizer isto — o debate que vamos
fazer sobre o futuro não nos impedirá de continuar a executar os projetos de investimento que definimos
atualmente e que estamos a prosseguir. Um deles é exatamente o que tem a ver com o reforço da capacidade
aeroportuária da região de Lisboa.