20 DE SETEMBRO DE 2018
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O Sr. Presidente: — Sr. Deputado João Paulo Correia, tem a palavra para responder.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Sr. Presidente, queria agradecer as questões colocadas pelos Srs.
Deputados Duarte Alves, do PCP, e Joel Sá, do PSD.
Respondo da seguinte forma: este debate agendado pelo Grupo Parlamentar do PS serve para debater o
futuro do investimento público, mais concretamente as grandes infraestruturas de que o País precisa para
reforçar a competitividade da nossa economia — a competitividade externa —, para fomentar a coesão interna
do País, a coesão económica, a coesão social e, também, para apostar naqueles que são os fatores de
sustentabilidade, não só dos nossos recursos internos, mas também dos grandes desafios colocados pelas
alterações climáticas, pela descarbonização e pela transição energética.
Estávamos à espera de que o PSD viesse a este debate para falar do futuro e da visão que tem sobre o
futuro do País, sobre os grandes investimentos que o País precisa de fazer na próxima década para que a nossa
economia continue a convergir com a da União Europeia e para que o crescimento económico continue acima
da zona euro. Mas, infelizmente, não tivemos essa postura do PSD, que continua amarrado ao passado, a um
discurso muito passadista…
A Sr.ª HortenseMartins (PS): — Passista!
O Sr. João Paulo Correia (PS): — … e muito centrado naquilo que é a crítica do momento, sem capacidade
de ver as necessidades que o País e as gerações do País nos mostram.
Queria recordar que o investimento público no tempo do anterior Governo caiu para metade.
Protestos do Deputado do PSD Joel Sá.
O investimento público caiu para metade no tempo do anterior Governo! Quando este Governo assumiu
funções, em novembro de 2015, quero também recordar que a execução do Portugal 2020 e dos fundos
comunitários era de quase zero. Quase zero! Como eu disse no discurso, e como se sabe, grande parte do
investimento público é financiado através de fundos comunitários e se um Governo, como aconteceu com o
vosso, não for capaz de pôr em marcha e em execução um programa comunitário, não é capaz de preparar o
futuro imediato e o investimento público fica fora dos fundos comunitários.
Em relação àquelas que são as grandes obras, o Programa Nacional de Investimentos está em discussão
pública, está em aberto, não tem as suas opções fechadas. Não faria sentido colocar o Programa em discussão
pública com opções fechadas! O Programa está em discussão pública e virá ao Parlamento brevemente, para
que o Parlamento continue a fazer o debate sobre as opções do Programa e para que tome uma decisão final.
Aliás, consta no Programa do Governo propor à Assembleia a votação do Programa Nacional de Investimentos,
para que este recolha, aqui, um amplo compromisso e uma maioria o mais alargada possível, que possa ser
consensualizada, pois estes investimentos têm um horizonte temporal que ultrapassam os ciclos polít icos. É
preciso haver um compromisso para além de um único ciclo político para dar estabilidade ao Programa Nacional
de Investimentos, de forma que este possa ser devidamente planeado e, assim, reforçar a posição negocial do
Governo em Bruxelas, durante a negociação do próximo quadro comunitário para Portugal. Estes são ganhos
que ninguém pode negar.
Para terminar, convinha que o PSD não esquecesse que o último Plano Estratégico de Infraestruturas e
Transportes que apresentou, no ano de 2014, tinha um défice de financiamento de 1400 milhões de euros. O
que se propõe, agora, é um programa sério e transparente, não se quer apresentar um programa com um défice
de financiamento, um programa com ângulos mortos. Que seja um programa que faça escolhas de investimentos
para a próxima década, mas que seja claro e seguro quanto às suas fontes de financiamento.
O Sr. Joel Sá (PSD): — Que obras é que constam no Programa?!
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Andar a prometer ferrovia e rodovia, como fez o anterior Governo, sem
fonte de financiamento,…