21 DE SETEMBRO DE 2018
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sabendo que — à partida sabemos todos — há matérias nas quais estaremos de acordo uns com os outros,
pontualmente, e não estaremos de acordo noutras.
Portanto, não estamos vinculados, em qualquer das propostas apresentadas, a ter sempre soluções únicas
e estarmos todos de acordo em todas as matérias.
Já chegámos a consenso, em vários aspetos, com o Bloco de Esquerda e com o Partido Comunista; há
aspetos em que nós temos uma proposta e o CDS tem outra sobre a mesma matéria; houve propostas de
redação, na especialidade, em que trabalhámos com o PSD. Este é o espírito construtivo de um parlamento.
Não temos, de facto, de estar entrincheirados, o espírito e a finalidade são construtivos, o agendamento e a
declaração visam apenas assinalar que recomeçámos os trabalhos, estamos na reta final e queríamos sublinhar
a importância e a prioridade que queremos dar a este tema, obviamente não nos apropriando dele, porque o
resultado final será uma reforma aprovada por todo o Parlamento, pelo que todo o Parlamento se deve rever
nela e dela ficar orgulhoso, no resultado final.
Sr. Deputado António Carlos Monteiro, indo às suas questões, começava, em primeiro lugar, por dizer o
seguinte: por isso mesmo! Houve coisas adiadas por iniciativa do Partido Socialista; outras a pedido do Bloco
de Esquerda; outras a pedido do CDS; outras a pedido do PSD, precisamente porque estamos a trabalhar nelas.
Por isso, encaramo-las da mesma maneira como no passado. Em relação a algumas fomos nós quem pediu o
adiamento, o que é natural porque o processo está a decorrer, mas isso não nos inibe, antes pelo contrário,
permite-nos construir e encontrar pontes para termos uma reforma que seja aceite e compreendida, que
simplifique ao mesmo tempo que reforça os mecanismos da transparência.
Mas não confundamos as coisas! A exclusividade é um debate distinto do debate da transparência. Se aí
dúvidas tiver, as propostas do PS também são claras, desde o início.
Não sufragámos a opção pela exclusividade porque entendemos que existem vários fatores envolvidos, e
em relação a alguns cargos ela não é justificável, ou, pelo menos, não tem de existir como regra geral definitiva,
mas apertamos muito significativamente o regime de incompatibilidades em todos aqueles casos em que se
justifica prevenir um conflito de interesses. E precisamente aquilo que enunciei é um daqueles casos em que
até me parece que há um clamor e um consenso social muito claro nesta matéria.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Não há é para o CDS!
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Em segundo lugar, quanto às questões das dúvidas de
constitucionalidade, parece-nos que a nossa proposta resolve inteiramente todas aquelas que existiam em sede
jurídico-penal, em que não há inversão do ónus da prova e em que aquilo que constava das declarações de
inconstitucionalidade proferidas pelo Tribunal Constitucional está protegido.
Uma entidade referiu, de facto, algumas necessidades de melhoramento da proposta em matéria fiscal,
nomeadamente quanto a uma melhor identificação do que estaria em causa nesta tributação, e sempre
manifestámos a nossa disponibilidade para isso mesmo.
Uma coisa devo dizer, Sr. Deputado: lança um bocadinho de receio ouvir a importação de conceitos
populistas que mancham e dificultam o trabalho, como o próprio conceito que o Sr. Deputado utilizou de «a
polícia dos políticos».
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Ou é ou não é!
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Na realidade, sabemos que a entidade da transparência que se
pretende criar, à semelhança da alta autoridade francesa, visa ser, de facto, o local de garante da recolha e
divulgação destas mesmas informações.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Já ultrapassou o seu tempo, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Portanto, é também particularmente claro como é que essa articulação se faz. A responsabilidade desta
entidade é a de remeter aos órgãos competentes, para o exercício das suas competências — o próprio
Parlamento, o Ministério Público —, quando for o caso, as matérias que apure, finalizado o seu tratamento.