21 DE SETEMBRO DE 2018
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Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Não respondeu à pergunta!
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma declaração política, em nome do PCP, tem a palavra a Sr.ª
Deputada Diana Ferreira.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Há largos anos que o PCP luta pela
valorização das longas carreiras contributivas. As longas carreiras contributivas refletem o valor intrínseco da
vinculação dos trabalhadores à segurança social e dos seus descontos ao longo de uma vida de trabalho no
financiamento da proteção social que lhes é devida e no assegurar da solidariedade intergeracional.
O direito à reforma, adquirido ao longo de muitos anos de trabalho, é um direito fundamental dos
trabalhadores. Quem trabalhou durante 40 ou mais anos tem o direito e a legítima expectativa de se poder
reformar sem ser penalizado por isso, especialmente trabalhadores que começaram a trabalhar na infância, que
perderam a meninice e a juventude e que veem limitado o seu direito à reforma, a uma reforma digna, que
traduza, efetivamente, o muito que já deram ao País, o muito que contribuíram para a segurança social.
Por isso, o PCP insiste na necessidade de se levarem mais longe as respostas no âmbito das longas carreiras
contributivas, de forma a abranger mais trabalhadores, em melhores condições e fazendo justiça a todos os que
trabalham ou trabalharam tantos e tantos anos e que merecem ver o seu trabalho e a sua carreira contributiva
devidamente valorizados.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Foi publicado há três dias o diploma que alarga o acesso à reforma
antecipada sem penalizações para trabalhadores com 46 anos ou mais de descontos e que tenham começado
a sua carreira contributiva com 16 anos ou menos. É um avanço para muitos que começaram a trabalhar com
uma idade em que hoje seria considerado trabalho infantil, sendo esta uma matéria que o PCP considerou,
desde a primeira hora, que deveria estar espelhada no diploma inicial de 2017.
Esta é uma medida que deveria já estar em andamento, até de acordo com o compromisso inicialmente
assumido pelo Governo do PS. Importa lembrar que o Governo adiou a entrada em vigor desta medida para
janeiro de 2019, mas a insistência e a determinação do PCP permitiram antecipar a publicação deste diploma
— foi, aliás, em resposta ao Secretário-Geral do PCP, num debate quinzenal em maio deste ano, que o Primeiro-
Ministro indicou outubro de 2018 para a saída deste diploma.
Esta pequena parte está cumprida, mas não apaga outras preocupações que temos, pois há uma parte muito
significativa do compromisso inicial assumido pelo Governo PS nesta matéria cuja concretização não se
vislumbra proximamente.
O caminho iniciado com a implementação dos diplomas legais existentes representa o reconhecimento de
um importante direito, especialmente se considerarmos as perspetivas que abre quanto à valorização das longas
carreiras contributivas. Mas é preciso, efetivamente, ir mais longe e fazer justiça a dezenas de milhares de
trabalhadores que continuam à espera de respostas para as suas vidas.
Por isso, o PCP insiste que o Governo cumpra aquilo com que se comprometeu, mas não só.
Não desistiremos de ir mais longe e insistiremos na efetiva valorização das longas carreiras contributivas,
defendendo o acesso à reforma sem penalizações para todos os trabalhadores com 40 ou mais anos de
descontos, independentemente da idade.
Insistiremos também para que se encontrem respostas para os trabalhadores que foram empurrados para o
desemprego, que estão em situação de desemprego de longa duração, que são considerados velhos para
trabalhar e novos para se reformar e que, no acesso à reforma antecipada — que procuram porque não têm
outra opção —, continuam a sofrer pesadas penalizações. Por isso, defendemos a revisão dos regimes e das
medidas especiais de acesso à reforma antecipada para estes trabalhadores.
Também insistiremos na necessidade de se encontrarem soluções que corrijam injustiças e desigualdades
para quem já está reformado e, tendo sido obrigado a fazê-lo antecipadamente, sofreu profundas penalizações,
muito devido à mão do PSD e do CDS, que pioraram e agravaram o acesso à reforma antecipada para milhares
de trabalhadores. Por isso, defendemos medidas para repor critérios de justiça também para estes trabalhadores
já em situação de reforma.