I SÉRIE — NÚMERO 2
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Continuaremos a bater-nos pela revogação do fator de sustentabilidade e pela reposição da idade legal de
reforma nos 65 anos. Não deixaremos de intervir quanto à diversificação das fontes de financiamento da
segurança social, reforçando a segurança social e as suas condições para cumprir as suas funções.
Para tudo isto, o PCP tem proposta, sem prejuízo, naturalmente, do necessário combate ao desemprego e à
precariedade, da criação de emprego com direitos, da valorização dos salários e do combate à evasão e à dívida
contributiva, porque todas estas dimensões estão ligadas entre si, porque não desligamos a valorização das
longas carreiras contributivas da valorização do trabalho e da significativa importância que a segurança social
pública, universal e solidária tem na vida dos trabalhadores e do povo português.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quem passou uma vida inteira a trabalhar — e 40 anos de descontos são
uma vida de trabalho na vida dos trabalhadores, não raras vezes vivida em profissões de grande desgaste físico
e emocional, em situações de grande exploração, com intensos ritmos de trabalho e baixos salários — deve ter
direito à reforma por inteiro, sem penalizações, independentemente da idade. Isto porque é uma questão de
respeito pelo contributo que milhares de trabalhadores já deram ao País, à produção de riqueza, ao sistema
público de segurança social; porque não é aceitável ignorar a realidade de tanta gente obrigada a trabalhar até
ao limite das suas forças; porque é uma questão de valorização do trabalho e dos trabalhadores na defesa da
dignidade de todos aqueles que têm uma vida inteira de trabalho; porque é valorizar o regime contributivo dos
trabalhadores, a espinha dorsal do sistema público de segurança social; porque o progresso técnico e científico,
que tem permitido produzir mais em menos tempo, e o aumento da esperança média de vida têm de significar
mais direitos para os trabalhadores e para os reformados e melhor qualidade de vida; porque estes são passos
decisivos para um caminho de progresso e de justiça social.
Este é um caminho que o PCP não abandonará.
Aplausos do PCP e da Deputada de Os Verdes Heloísa Apolónia.
Entretanto, assumiu a presidência a Vice-Presidente Teresa Caeiro.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, inscreveram-se quatro Srs. Deputados, respetivamente,
do Bloco de Esquerda, do PSD, do PS e do CDS-PP, tendo a Sr.ª Deputada Diana Ferreira informado a Mesa
que responderá em grupos de dois.
Para pedir esclarecimentos pelo Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr. Deputado José Soeiro.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Diana Ferreira, para o Bloco de Esquerda
o progresso tecnológico e o aumento da esperança média de vida devem traduzir-se em mais tempo para viver
e não em mais tempo de trabalho e em ritmos de trabalho mais intensivos.
É por isso que a reivindicação de uma reforma sem penalização ao fim de 40 anos de descontos é justa e
significa um acréscimo da qualidade de vida, das conquistas civilizacionais que devemos defender no mundo do
trabalho.
Precisamos também de fazer uma discussão sobre as condições em que o trabalho é prestado, porque não
faz qualquer sentido que, ao fim de uma carreira inteira de trabalho, as pessoas cheguem tão destruídas pelas
condições em que prestam a sua atividade.
É preciso também discutirmos o reconhecimento especial da penosidade de determinados regimes de
organização do trabalho, como o trabalho por turnos ou o trabalho dos trabalhadores das pedreiras, que devem
dar acesso a uma bonificação e ao direito à aposentação de forma antecipada e sem penalização.
No debate sobre as longas carreiras contributivas, o Bloco de Esquerda bateu-se sempre para que este
regime fosse o mais longe possível.
A primeira fase dizia respeito à compensação relativamente àqueles trabalhadores que foram obrigados a
trabalhar numa idade em que ainda eram crianças.
Em 2017, o Governo propôs que essa primeira fase fosse apenas para os trabalhadores que começaram a
descontar aos 12 anos. O Bloco de Esquerda defendeu, desde sempre, desde o início dessa discussão, em
2017, que fosse para todos os trabalhadores que começaram a trabalhar até aos 16, porque essa é que é a
idade do trabalho infantil. O Governo, em 2017, deu um passo, que foi o de reconhecer o direito à reforma sem