21 DE SETEMBRO DE 2018
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É preciso mais investimento e reforço da resposta pública nesta área. É um facto.
Da mesma forma, é preciso também, de maneira muito determinada, responder à exigência da criação de
um estatuto do cuidador informal. É um facto.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — O Bloco de Esquerda não pode fazer outra coisa que não seja constatar
esses factos e ter propostas para resolver estas situações, como, aliás, temos vindo a apresentar.
Não se percebe onde ficam estas preocupações na estratégia nacional para a saúde que o PSD apresentou
recentemente ao País, Sr. Deputado. É que, perante o facto da necessidade de investimento público, de reforço
de camas no setor público e de reforço de resposta domiciliária para estas tipologias de doenças, aquilo que o
PSD apresentou ao País, apesar de tanta preocupação demonstrada, afinal, eram apenas parcerias público-
privadas (PPP).
Na estratégia nacional do PSD apresentada ao País a única coisa que há são as parcerias público-privadas,
e isso está lá; é a privatização da saúde, e isso está lá; é a cedência ao negócio, e isso está lá. Mas cuidados
continuados, cuidados paliativos, reforço do número de camas, reforço da resposta pública, reforço do número
de profissionais, reforço de resposta no domicílio para garantir a qualidade de vida e o bem-estar destas
pessoas, isso não está lá!
Portanto, Sr. Deputado, se isso tudo é tão importante para o PSD, porque é que não está lá e só está o
negócio?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem agora a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado João
Dias, do PCP.
O Sr. João Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Ricardo Batista Leite, de facto, o PSD traz hoje a
debate uma matéria muito importante e muito sensível: os cuidados paliativos.
Trata-se, de facto, de uma matéria relevante no que respeita aos cuidados de saúde prestados em Portugal.
É necessário reconhecer que os cuidados paliativos, quando aplicados precocemente, trazem benefícios quer
para os doentes quer para as suas famílias, não só no adequado controlo e gestão dos sintomas como também
pela redução da sobrecarga dos familiares, e são igualmente benéficos no que diz respeito à diminuição da
utilização dos recursos de saúde, como sejam a diminuição das idas ao serviço de urgência ou a diminuição dos
reinternamentos, a terapêutica desadequada, etc.
Sr. Deputado, o PSD está agora preocupado com a Rede Nacional de Cuidados Paliativos?! A sua
preocupação é, de facto, o número de camas? E quando esteve no Governo, Sr. Deputado? Em quatro anos, o
que fez? Regulamentou? Constituiu as equipas de cuidados paliativos necessárias? Aumentou o número de
camas nos hospitais públicos? Formou e dotou os cuidados paliativos de profissionais suficientes?
O PSD quer agora salvar a face, querendo convencer-nos de que está muito preocupado com os cuidados
paliativos, mas aquilo que, na verdade, revela e mostra é que está apenas preocupado em criar condições para
passar também esta área para o setor privado. É disso que se trata e não temos dúvidas!
O PSD, Sr. Deputado, não ouve as equipas que estão no terreno, que têm muita experiência. Se o PSD as
ouvisse saberia que são precisas outras medidas, nomeadamente medidas que aumentem o número de
profissionais, de equipas comunitárias, por exemplo, que garantam os cuidados necessários nos serviços
públicos.
Não são necessárias só camas, como o Sr. Deputado aqui veio dizer. São necessárias respostas urgentes,
pois, como o Sr. Deputado até disse, muitos daqueles que precisam de cuidados paliativos não têm acesso a
eles. Há muitas regiões do País que estão completamente a descoberto. É verdade! Para o PCP é urgente que
o acesso aos cuidados paliativos seja garantido àqueles que deles precisam.
Também é verdade que, apesar de alguns avanços, insuficientes, o atual Governo tem algumas
responsabilidades pesadas na resposta que temos nos cuidados paliativos. Já poderia e deveria ter avançado
mais…