I SÉRIE — NÚMERO 4
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A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Mas noutras áreas isto também acontece, Sr. Primeiro-Ministro. Olhe,
palavra dada e escrita: em relação ao ensino superior, temos uma resposta escrita do seu Governo onde é dito
que os graus de bacharel e licenciado vão ser equiparados, para todos os efeitos legais, aos de licenciado e de
mestre, no quadro dos estudos pré-Bolonha. Isto está escrito pela Chefe de Gabinete, mandatada pelo Sr.
Ministro do Ensino Superior.
Agora ouvimos dizer que, afinal não é nada assim e que não foi isso, sequer, que foi dito! O que é que o Sr.
Primeiro-Ministro tem a dizer em relação a esta matéria?
O que é que tem a dizer em relação aos professores e à palavra que continua por cumprir e que foi assumida,
repetida e selada no Orçamento do Estado, aliás, com os parceiros à esquerda?
Para não ficar só com estes assuntos e indo a questões mais concretas neste momento, porque depois terei
outras, direi o seguinte: o Sr. Primeiro-Ministro, em 2016, quando aumentou ligeiramente o número de alunos
no ensino superior, disse que era uma grande vitória. No ano anterior, tinha aumentado muito mais, mas enfim…!
Neste momento, esse número baixou. O que é que tem a dizer em relação a isso e o que é que tem a dizer em
relação ao facto de as vagas que cortou no litoral não terem sido devidamente compensadas no interior?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Assunção Cristas, não revoguei. Entendi, aliás, o
Governo entendeu que, tendo a Assembleia da República criado uma comissão que, entre outras funções, tem
por atribuição o estudo da desconcentração de serviços, mediante a deslocalização de serviços públicos, entre
o Governo persistir na teimosia, isolado, de transferir o Infarmed para o Porto ou aguardar modestamente pela
conclusão da comissão para verificar, de uma vez por todas, se há respaldo para esta decisão — que acho que
é boa — ou se devemos deixá-la cair, achámos que era prudente ouvir a comissão.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Porque é que não perguntou primeiro?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Recordo o seguinte: quando a decisão foi apresentada, muitas pessoas
disseram, e tenho de reconhecer que tinham razão, que esta matéria devia ser estudada em conjunto e não de
uma forma isolada e atrabiliária.
Pois muito bem, há a comissão, vamos então estudar! A Sr.ª Deputada diz que eu revogo o que disse. E eu
digo que não revogo o que disse, suspendo o que disse.
Vozes do CDS-PP: — Ah!!!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas continuo a acreditar no mesmo, repito, continuo a acreditar no mesmo.
Se eu pudesse decidir sozinho, se isto fosse uma autocracia do António Costa, o Infarmed já estava no Porto.
Mas, felizmente, não é,…
Protestos do CDS-PP.
… porque a qualidade do processo de decisão melhora com a democracia. Às vezes é duro e desagradável
para quem tem opiniões e convicções. É minha profunda convicção que era bom para o País que o Infarmed
estivesse no Porto, mas tenho também o dever de saber que não se governa por caprichos.
Risos do CDS-PP.
Quando todos estão contra e até o Presidente da Câmara do Porto diz: «Não pedimos nada!», tenho de me
interrogar se a minha convicção é certa ou se merece ser ponderada por outrem.
Aplausos do PS.