27 DE SETEMBRO DE 2018
27
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Não houve grande tolerância, mas agradeço o «obrigado».
Para formular perguntas, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira, do Grupo Parlamentar do PCP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, a realidade nacional continua marcada
pelos resultados positivos das medidas de reposição, defesa e conquista de direitos, mas também por muitos
problemas que continuam por resolver.
O crescimento económico, a redução do desemprego e da pobreza, o crescimento recorde das receitas da
segurança social, tudo isso resulta das medidas de reposição de salários e de rendimentos, do aumento das
pensões e do abono de família, da gratuitidade dos manuais escolares, da redução do IRS (imposto sobre o
rendimentos das pessoas singulares) e do IVA (imposto sobre o valor acrescentado) e de muitas outras medidas
que são positivas para os trabalhadores e para o povo, mas também para o País.
Continuamos a valorizar essas medidas. Valeu a pena lutar por elas e continuaremos a lutar para que sejam
aprofundadas, designadamente no próximo Orçamento do Estado.
Continuamos também a lutar, Sr. Primeiro-Ministro, por uma política alternativa que se revela cada vez mais
necessária perante a evidência de que a política do Governo não dá resposta aos problemas estruturais do País.
Um dos eixos centrais dessa política alternativa que defendemos é a valorização do trabalho e dos
trabalhadores, com o aumento geral dos salários a assumir uma importância central. É sobre isso que quero
deixar-lhe a primeira questão.
Há muito que sabemos que a distribuição da riqueza em Portugal é injusta e desigual, mas há dias o Eurostat
divulgou dados que mostram que Portugal está na cauda dos países da União Europeia como um dos países
que menos valoriza os salários.
Em 2017, os salários representavam apenas 34,6% da riqueza nacional, uma injusta distribuição que mostra
que a riqueza aumenta, mas os trabalhadores que a criam são os que menos beneficiam dela.
Os rendimentos do trabalho ficam para trás e os baixos salários continuam a ser uma das principais causas
de pobreza e das gritantes desigualdades sociais que persistem na sociedade portuguesa.
Por isso, o PCP tem-se batido por uma política que contribua para a valorização dos rendimentos do trabalho,
em geral, e por um aumento mais substancial do salário mínimo nacional, que se mantém desvalorizado perante
a insuficiente recuperação nestes últimos dois anos.
Há muito que o valor de 600 € deveria estar consagrado, mas o Governo fez a opção contrária e aproveitou
o apoio que lhe foi dado para atrasar esse objetivo.
Da parte do PCP, reafirmamos: é preciso um aumento geral dos salários para combater a injusta distribuição
da riqueza. É preciso contrariar a lógica da contenção e da estagnação salarial e alterar a legislação laboral
talhada para forçar a baixa dos salários. É preciso assegurar o aumento do salário mínimo nacional para 650 €
em janeiro de 2019 e assegurar, também, o aumento dos salários na Administração Pública, para que não se
acumulem mais quatro anos de congelamento salarial aos anteriores cinco.
Que resposta tem o Governo a dar aos trabalhadores sobre estas questões?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Oliveira, é hoje muito claro, quando entramos
na última sessão legislativa desta Legislatura, a total derrota da estratégia económica da direita para a
governação do País…
Aplausos do PS.
… e, simultaneamente, também o sucesso da fórmula governativa que construímos e da política económica
que pudemos adotar.