18 DE OUTUBRO DE 2018
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não via a mesma situação. Eu não olhava para Penacova e não via que, nesta meia dúzia de anos, Penacova
perdeu 8% da população.
Isto significa que, de facto, o Estado falha, o Estado falhou. Mas o Estado falhou, sobretudo, no ano passado,
quando o Estado libertou meios e sabia que o tempo ainda estava quente. E os senhores apoiam esse Governo.
O Estado falhou! Morreu mais de uma centena de pessoas! O Estado está a falhar, com os atrasos que estão a
verificar-se na recuperação das casas, das centenas de casas que falta recuperar. Só na zona centro falta
recuperar 533 casas.
Alguns, nomeadamente o Sr. Deputado Pedro Coimbra, gabam-se do que está feito. Mas o que está feito,
está feito, e foi feito demasiado devagar e com demasiada burocracia. Se calhar, se tivessem descentralizado
mais, Sr. Deputado Pedro Coimbra, se tivessem dialogado mais com as câmaras municipais, com as juntas de
freguesia, com as IPSS, se tivessem tido mais confiança nas próprias pessoas, se calhar, o processo teria sido
mais rápido e hoje estaria mais avançado. E é com isso que nos preocupamos, é com essa falta de confiança
da vossa parte, porque apoiam Estados centralistas e não as pessoas. Isso leva a que tenhamos poucas
empresas a trabalhar, quase nenhumas, que, depois, subcontratam as empresas pequenas desse mesmo meio
e as esmagam com os preços. É por causa desse centralismo, Sr. Deputado.
Mais, quero ainda dizer-vos que o Estado falhou, sobretudo, quando um Governo do Partido Socialista fechou
a Agência para a Prevenção dos Incêndios Florestais (APIF), que estava localizada em Miranda do Corvo — o
Eng.º José Sócrates fechou esta agência! Nessa altura, eu era presidente da câmara e disse que estavam a
fazer a vontade ao lobby da indústria do combate aos incêndios. De facto, foi um Governo do Partido Socialista
que fechou uma agência, localizada em Miranda do Corvo, que, utilizando instalações do Centro da Biomassa
para a Energia (CBE), previa estudar, prevenir e atuar. Foi um Governo do Partido Socialista, num tempo em
que havia tanto dinheiro e em que gastavam tanto, que o fez.
Está a perguntar-me se o nosso Governo não atuou e não o reabriu?! O nosso Governo, como já lhe disse,
esteve a exercer funções num momento extremamente difícil e, por mais que os senhores procurem transmitir
que nós somos sádicos e desumanos, quero dizer-lhe que não somos sádicos nem desumanos. Fomos
obrigados a cumprir o memorando da troica para que o País obtivesse financiamento, para que as pessoas
recebessem as reformas, para que tivessem ordenados.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Carlos César (PS): — Não é verdade!
A Sr.ª Fátima Ramos (PSD): — E, mais, orgulhamo-nos do seguinte: fomos dos países intervencionados
que, mesmo assim, num período de intervenção extremamente difícil, menos agravámos as desigualdades
sociais. E sabem porquê? Porque nós protegemos as reformas mais baixas, protegemos os salários mais baixos.
Protestos do PCP.
É que nós, de facto, somos sociais-democratas, acreditamos na propriedade privada, acreditamos nas
instituições e estamos aqui para defender as pessoas.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem, agora, a palavra, para uma declaração política, o Sr. Deputado
Paulo Pisco.
O Sr. Paulo Pisco (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A situação que a comunidade portuguesa
vive na Venezuela é muito preocupante, pela desordem económica, social e política em que o país está
mergulhado, com uma hiperinflação acelerada, os serviços de saúde em colapso e o abastecimento alimentar
em rutura. A isto, junta-se uma insegurança e criminalidade descontroladas e sequestros cada vez mais
frequentes.