31 DE OUTUBRO DE 2018
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O Sr. Pedro Soares (BE): — Sr. Presidente, não resisto a fazer uma primeira referência à intervenção da
direita aqui, no Parlamento, sobre esta matéria do interior. A direita vem com uma conversa fiada sobre
casamentos quando não fez outra coisa, ao longo de quatro anos, a não ser divórcios com o interior.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Soares (BE): — Quer dizer, não faz sentido nenhum, é uma hipocrisia absoluta, porque foram
4 anos de terror, em que as pessoas empobreceram, no interior, com menos serviços públicos, e agora vem
para aqui falar de casamentos. Sinceramente, é a hipocrisia máxima!
Protestos do PSD.
Todos os indicadores demográficos, económicos e sociais agravaram-se durante a governação da direita —
e esta é a realidade objetiva.
Sr. Ministro, queria dizer-lhe o seguinte: compreendo, todos nós compreendemos, os portugueses
compreendem que a luta pela coesão territorial é uma luta muito difícil e muito desigual. Confronta-se com as
forças de mercado, que procuram sempre puxar para o litoral, puxar para as áreas metropolitanas, puxar para
a concentração. Por isso, tem de haver um grande esforço por parte do Governo e do Estado no sentido de
contrariar essa tendência e de planear, de investir e de promover o interior.
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Soares (BE): — O problema aqui, Sr. Ministro, é que há sinais contraditórios. E vou ser muito
concreto sobre esses sinais contraditórios.
O primeiro tem a ver com o seguinte: fala-se em apoio às micro e pequenas empresas, ao investimento no
interior e às populações do interior. Diz-se mesmo que se procura — e em alguns casos aconteceu — recuperar
serviços no interior. Mas, Sr. Ministro, como é que isto se compatibiliza com uma vaga de encerramentos de
postos dos correios, dos CTT, que são fundamentais para a nossa economia, para as pequenas empresas, para
as populações, para os reformados? Isto não é coerente. O Governo tem de meter mão nisto, Sr. Ministro,
porque isto é um sinal contraditório, um sinal de que há desinvestimento no interior!
Um segundo sinal contraditório, Sr. Ministro, a meu ver, também relevante, é o seguinte: não pode haver
apoio à economia, às pequenas empresas, às populações do interior, ao desenvolvimento económico, aos
recursos locais, sem segurança. E como é que pode haver segurança, por exemplo, num caso concreto, em
relação a toda a região do Tâmega, quando se está confrontado com a insegurança da possibilidade de
construção da barragem de Fridão, que é um fator de insegurança brutal para aquelas populações, afetando os
territórios do interior do distrito de Braga e do distrito do Porto? Estamos a meia dúzia de meses do fim da
suspensão da construção da barragem de Fridão e o Governo não tem uma posição clara sobre esta matéria,
Sr. Ministro?
É preciso dar segurança às populações, caso contrário, o investimento atrasa-se, as populações não têm
confiança e, efetivamente, aquela região não se desenvolve com este quadro. O que é que está em primeiro
lugar: o desenvolvimento dos recursos locais ou os interesses da EDP (Energias de Portugal) e da Iberdrola
relativamente à questão da barragem de Fridão? Nós somos pelo fim da barragem de Fridão. É preciso dar
segurança às populações do Tâmega, de Amarante, de todas aquelas regiões do interior.
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Soares (BE): — Um terceiro aspeto, Sr. Ministro, diz respeito à floresta. Sabemos a importância
que a floresta tem no interior. Mas no Orçamento do Estado não está claro que há um investimento evidente
relativamente ao funcionamento das unidades de gestão florestal. O Sr. Ministro falou, e bem, na questão do
associativismo florestal. É preciso medidas concretas e investimento para que as unidades de gestão florestal
possam funcionar e para que se ultrapasse o grande constrangimento que é a dispersão da propriedade florestal,
que precisa de agregação na sua gestão para se desenvolver.