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I SÉRIE — NÚMERO 19

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Não é um erro, é uma mentira! É uma mentira grosseira que pouco dignifica o Ministro das Finanças, o

Governo e os partidos que, obviamente, o apoiam parlamentarmente.

Segundo o Sr. Ministro das Finanças, esta diferença de 590 milhões de euros resulta de um processo de

intenções de não executar despesa e, consequentemente, desde já, cativar, definitivamente, em 2019, 590

milhões de euros de despesa.

As perguntas que gostaria de lhe fazer, Sr. Deputado, são se o Bloco de Esquerda concorda, ou não, com

este pré-anúncio de cativações definitivas, em 2019, de, pelo menos, 590 milhões de euros, isto antes de o

Orçamento sequer começar a ser executado? Como é possível dizer-se que se pretende apostar na economia,

que se pretende apostar no investimento, com este nível de cativações? Será que o Bloco de Esquerda também

se orgulha deste nível de cativações? É que, agora, Sr. Deputado, com este anúncio, o Bloco de Esquerda já

deixará de poder fazer aquele seu habitual «número», a posteriori, de admiração, de indignação relativamente

aos montantes de cativações definitivas.

Uma garantia temos, e o Bloco de Esquerda sabe, sabe hoje: com este nível de cativações pré-anunciado

pelo Sr. Ministro das Finanças, o investimento a realizar em 2019 será muito inferior ao investimento

orçamentado.

Mas tenho outras duas breves questões para o Sr. Deputado: com o seu voto, o Bloco de Esquerda vai ou

não aprovar, vai ou não validar esta estratégia do Governo de continuar a não executar despesa aprovada neste

Parlamento, continuando os serviços públicos a sofrer uma deterioração, essa sim, sem precedentes?

Finalmente, o Bloco de Esquerda sente-se confortável ideologicamente com esta sua atitude, sempre a

subjugar-se, sempre a curvar-se perante as imposições do Sr. Ministro das Finanças? Não nos venha dizer que

não, Sr. Deputado, porque o voto favorável do Bloco de Esquerda a este Orçamento diz o seu contrário.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares. Faça

favor.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Fernando Virgílio Macedo, registo que sobre

as palavras de Pedro Passos Coelho e a promessa de voto no Bloco de Esquerda, no PCP e no PS, nada disse

e, por isso, depreendo que quem cala consente e acompanhará Pedro Passos Coelho nessa intenção.

O Sr. Fernando Virgílio Macedo (PSD): — Tretas, tretas!

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Quanto à segunda questão, lembro e até o referi, no que toca a metas

orçamentais, em primeiro lugar, que há um debate de fundo em que divergimos absolutamente do PSD e em

que temos opiniões contrárias à do Sr. Ministro das Finanças, que tem a ver com o seguinte: o PSD e o CDS,

quando estiveram no Governo, consideravam que era virtuoso para a economia privatizar, cortar direitos, cortar

salários, reduzir o poder de compra das famílias. O resultado disso foi um afundar da economia, um disparar do

desemprego e uma emigração em massa, ficando o País muito pior do que estava.

Discordamos também do medo que o Sr. Ministro das Finanças tem, porque não acredita completamente no

resultado económico destas propostas. O que consideramos ser a grande divergência de fundo é o que existe

para analisarmos em 2015, em 2016, em 2017 e, agora, em 2018, e não há motivos para considerarmos que se

já correu bem no passado vai correr mal no futuro.

Foram 2000 milhões de euros, somados ao longo destes 3 anos, que, fruto da melhoria da economia, fruto

do aumento do emprego, tiveram uma repercussão positiva no aumento das contas públicas. Resultado:

aconteceu porquê? Porque congelámos pensões, congelámos o salário mínimo, mantivemos cortes,

mantivemos cortes nos apoios sociais? Não, foi o contrário!

Hoje, não há economista nenhum que negue que a economia se desenvolveu com o pilar do mercado interno,

por políticas de redistribuição de riqueza. Ora, se assim foi, porque é que vamos impedir que, em 2019, se dê

mais passos nesse sentido?

O Sr. Fernando Virgílio Macedo (PSD): — E o investimento? Fale do investimento, Sr. Deputado!