I SÉRIE — NÚMERO 19
18
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Cristóvão Norte.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, assistimos ontem a um monumental embuste
na Assembleia da República. Os portugueses têm o direito de saber que o anúncio do Sr. Ministro das Finanças,
de redução do ISP na gasolina em 3 cêntimos, é uma monstruosa encenação, um brutal embuste, que visa
ludibriar os portugueses. E porquê? Por uma razão muito simples: desde logo porque 80% dos portugueses
usam gasóleo, não gasolina, e o Governo reduz 3 cêntimos na gasolina e não no gasóleo.
Mas é mais do que isso: no Orçamento do Estado está previsto um acréscimo do ISP na ordem dos 213
milhões de euros. Ora, para quem proclama que a sua promessa de reduzir o ISP e abolir o adicional está
concluída, é muito estranho, bizarro mesmo, que tenha inscrito no Orçamento do Estado uma receita que cresce
em 213 milhões de euros.
Mas sabem por que é que se verifica isto, Sr. Ministro e Srs. Membros do Governo? Por uma circunstância
subtil: é que há um aumento da taxa de carbono, que se reflete em 1 cêntimo no ISP. Ou seja, o aumento da
taxa de carbono é maior do que aquilo que se verifica na redução do ISP na gasolina. E o resultado final —
pasme-se, e não para nós mas para todos os portugueses incautos — é que os 2000 milhões de euros que
«meteram em cima» do preço dos combustíveis continuam lá. Os portugueses vão pagar mais do que pagaram
no ano passado! É extraordinário que, quem diz que desagrava, no fim de contas, agrava. É mais um embuste.
Um embuste à imagem do Governo.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro Adjunto e da Economia.
O Sr. Ministro Adjunto e da Economia: — Sr. Presidente, os Srs. Deputados João Dias e Pedro Soares
falaram, ambos, da importância da valorização do interior. É essa também a noção do Governo e é por isso que
a coesão territorial constitui prioridade da ação governativa.
A valorização do interior tem várias vertentes, não é um caminho que se possa alterar, pura e simplesmente,
no quadro de uma legislatura e muito menos de uma sessão legislativa. É preciso continuarmos a trabalhar para
a atração de investimento que possa criar emprego e fixar populações, para a valorização do território rural,
agora que há menos gente a cuidar dele, e também na prestação de serviços públicos às populações de
territórios de mais baixa densidade.
Vou centrar a minha resposta, porque ela tem a ver com as questões que os Srs. Deputados colocaram,
precisamente neste aspeto dos serviços públicos. Servir populações em territórios de mais baixa densidade é
mais difícil, é mais dispendioso. É mais difícil manter um centro de saúde aberto quando a população está
dispersa por um território muito vasto do que no centro de uma área urbana.
É por isso que este Governo pretende inverter — e está a inverter — aquela que foi a perspetiva que herdou
de tempos anteriores. Onde dantes se encerravam serviços por falta de procura, agora procura-se abrir serviços,
manter serviços abertos ou encontrar formas mais flexíveis de prestar serviços públicos de qualidade a
populações que não residem próximo das sedes dos serviços.
É por isso que, por exemplo, abrimos mais de 200 Espaços Cidadão no País inteiro, com particular incidência
nos territórios de baixa densidade. É por isso que abrimos 18 Lojas de Cidadão. É por isso também que fizemos
um investimento em 20 Espaços Empresa nos territórios do interior.
Mas, mais do que isso, devemos abrir serviços públicos no interior, assegurar que o serviço prestado à
distância, o serviço móvel, possa continuar a servir cidadãos que pelo facto de viverem em territórios menos
densamente povoados não devem ser considerados cidadãos de segunda.
Sr. Deputado Cristóvão Norte, a fiscalidade nos combustíveis fósseis, particularmente no ISP, vai ter
seguramente — e é isso que o Governo estima — um crescimento ao nível da coleta. Mas esse não decorre de
nenhum agravamento nem das taxas de ISP nem da taxa de carbono. Decorre de dois fatores: primeiro, da
circunstância de o aumento da procura que estimamos levar a um maior consumo de combustíveis. E por que