I SÉRIE — NÚMERO 19
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Sr.as e Srs. Deputados, o Sr. Ministro das Finanças disse que a saúde é uma grande aposta do Orçamento
do Estado. Vamos, então, aos números.
Portugal está na cauda dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico). Com este Orçamento, a saúde merecerá um investimento de apenas 5,2% do PIB, quando a média
da OCDE é de 6,5%.
Mas, pior: se ficamos mal no comparativo internacional, é inaceitável a forma como a saúde é tratada neste
Orçamento em comparação com as demais áreas de governação. É que a despesa pública global sobe 3,3%,
enquanto a despesa pública na saúde sobe apenas 2,3%. Portanto, se dúvidas houvesse, fica assim claro que
a saúde não é uma prioridade para este Governo.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — É evidente que, depois da inevitável demissão do ex-Ministro da
Saúde, não foi esta nova equipa ministerial que negociou este Orçamento do Estado. Portanto, do ponto de vista
político, o Primeiro-Ministro é o responsável, primeiro e último, por aquilo que se passou e por aquilo que se
passará no Serviço Nacional de Saúde.
Aplausos do PSD.
Já falando das mudanças governamentais, não deixa de ser curioso que o Sr. Primeiro-Ministro tenha
escolhido como novo Secretário de Estado alguém que, poucas semanas antes de tomar posse, defendeu
publicamente que o superavit daquilo que os beneficiários da ADSE descontam todos os meses dos seus
ordenados deve servir, não para financiar a ADSE mas, sim, para financiar o Serviço Nacional de Saúde.
Portanto, fica a pergunta: Sr. Ministro da Finanças, vai usar o dinheiro que é dos beneficiários da ADSE, que
já pagaram os seus impostos, para cobrir os erros da vossa má gestão?
Sr.as e Srs. Deputados, é certo que este Orçamento vem repleto de promessas, mas os portugueses não se
deixam enganar. Todos sabemos que, à boa maneira deste Governo, as promessas não são necessariamente
para cumprir.
Veja-se o caso do investimento: o Governo prevê que a despesa para aquisição de bens de capital ascenda,
em 2019, a 322 milhões de euros, mas o que nos conta a história destes 3 anos de governação?
Bom, para este ano de 2018 havia uma previsão de investimento de 301 milhões, mas até setembro deste
ano foram realizados apenas 82 milhões. Em 2017, a previsão de investimento apontava para 259 milhões de
euros, mas apenas foram gastos 111 milhões. E em 2016, quando havia uma previsão de investimento de 211
milhões, apenas executaram 117 milhões de euros. Só conversa, portanto.
Veja-se ainda o caso das promessas de investimento hospitalar. Para o novo hospital da Madeira prometeram
pagar 50% da despesa, mas, na verdade, aprovaram em Conselho de Ministros apenas 13%, numa tentativa
grosseira de enganar os madeirenses.
Vozes do PSD: — É verdade! Muito bem!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Os hospitais de Évora e do Seixal não passam de uma miragem e
os prometidos hospitais do Algarve e de Barcelos, bem como a maternidade de Coimbra, não merecem sequer
uma palavra neste Orçamento, ou do Governo.
Aliás, o único concurso verdadeiramente da responsabilidade deste Governo — imagine-se! — foi a criação
de mais uma parceira público-privada (PPP) para a construção do Hospital Lisboa Oriental. Mais uma PPP criada
por um Governo socialista, mas agora com o apoio — este sim, histórico! — do Partido Comunista Português e
do Bloco de Esquerda.
A conta, essa logo se vê!
Aplausos do PSD.
O Sr. Luís Monteiro (BE): — Vocês até gostam disso!