31 DE OUTUBRO DE 2018
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austeritário, às terças, quintas e sábados. E hoje, como é terça, já aqui tivemos acusações de austeridade, por
parte do PSD.
Sr.as e Srs. Deputados, entendam-se! Entendam-se mas digam-nos, sobretudo, o que fariam de diferente e
expliquem-no com clareza ao povo português, mas também expliquem com clareza, nas vossas opções, que
impostos aumentariam para justificar opções alternativas ou que opções que estão no nosso Orçamento
cortariam para fazer outras que não beneficiariam tanto os portugueses.
Digam-nos que opções orçamentais tomariam e quais aquelas de que discordariam, num dos países mais
desiguais da Europa, opções que valorizamos como centralidade da justiça social neste Orçamento: atualização
do indexante dos apoios sociais; atualização automática e extraordinária das pensões, aquelas que os senhores
queriam cortar em 600 milhões de euros no decurso desta Legislatura;…
Aplausos do PS.
… aumento do abono de família e prolongamento do 4.º escalão; prestação social para a inclusão; apoio aos
desempregados de longa duração; aumento do acesso ao RSI (rendimento social de inserção) a mais famílias
com crianças no agregado; reforço de complemento solidário para idosos. Quais as medidas de que
discordariam? Quais as medidas que proporiam em alternativa? Digam-nos! Digam-nos, porque é através destas
e de outras prioridades que o Partido Socialista inscreveu no Orçamento do Estado, com o apoio dos seus
aliados parlamentares, que concretizamos a nossa visão para o País e nos afastamos da direita, das ideias que
quiseram impor aos portugueses, culpando-os, empobrecendo-os, lançando uns contra os outros, repito,
lançando uns contra os outros.
Equilíbrio, liberdade, justiça social, dignidade, são quatro marcas para o quarto Orçamento, que é o manifesto
a um País futuro onde todos podemos viver melhor sem que, para isso, tantos outros tenham de ficar lá para
trás, a viver pior. Isto não é eleitoralismo, isto é boa governação. O sucesso não é nosso, é de todos os
portugueses.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — O Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro tem um pedido de esclarecimento
da parte da Sr.ª Deputada do PSD Teresa Leal Coelho, a quem dou a palavra.
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as Ministras e Srs. Ministros,
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro: Devo, antes de mais, esclarecê-lo que
o Grupo Parlamentar do PSD não está confuso e não deve explicações. Quem deve explicações, e tem agora
oportunidade de dá-las, é o Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro, que aqui veio defender este Orçamento e nele
vai votar favoravelmente. Por isso, deve falar claramente não só no Parlamento como junto dos portugueses.
Sobre o Orçamento para 2019, ouvimos falar em rigor. «Este é um Orçamento de rigor», tem sido dito e
repetido. Ainda hoje, aqui, neste Parlamento, o Sr. Ministro Adjunto e da Economia afirmou: «é um Orçamento
de contas certas, assente em projeções realistas».
Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, em democracia e em Estado de
direito, quando se fala em rigor orçamental, fala-se em transparência. Ora, o Orçamento que hoje, aqui, estamos
a discutir tem uma característica: tem duas faces. Uma face apresentada no dia 15 de outubro, neste
Parlamento, e outra face apresentada no dia 16 de outubro, em Bruxelas. E estas duas faces do Orçamento
para 2019 distam em 590 milhões de euros, Sr. Deputado.
O Governo argumenta com questões técnicas, mas a pergunta que neste Parlamento tem de ser esclarecida,
falando claramente, a questão que tem de ser assumida perante os portugueses é de simples equação: onde é
que o Governo vai cortar os 590 milhões de euros? Vai cortar ou adiar investimentos na saúde? Vai adiar
hospitais prometidos há mais de 3 anos? Vai continuar a incumprir promessas que fez ou compromissos que
estabeleceu com os grupos parlamentares que o apoiam? Vai fazer cortes na educação ou vai aumentar
impostos, vai aumentar a receita em 590 milhões de euros?
A resposta a estas questões tem de ser dada a este Parlamento, sob pena de o Parlamento se demitir do
papel que lhe compete, que compete à Assembleia da República em matéria de alterações orçamentais.