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I SÉRIE — NÚMERO 19

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Protestos dos Deputados do PSD António Topa e Joana Barata Lopes.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula Santos, do

PCP.

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O

diagnóstico sobre o acesso à habitação no nosso País está feito. Temos elevados custos com a habitação,

precarização do arrendamento, facilitação dos despejos, dificuldades no acesso à habitação, em particular pelos

jovens e pelas famílias com baixos rendimentos, famílias que residem em habitações sem condições, parque

habitacional do IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, IP) degradado.

O que é preciso é uma política alternativa que rompa definitivamente com os interesses de grupos

económicos e financeiros, com a financeirização e a especulação no setor imobiliário.

A concretização do direito a uma habitação condigna para todos passa pelo papel determinante do Estado

na promoção de habitação; pela mobilização do património habitacional público para arrendamento nos regimes

de renda apoiada ou condicionada; pela assunção de uma política de solos que contrarie a especulação

imobiliária; pela criação de instrumentos que possibilitem que habitações injustificadamente devolutas possam

ser utilizadas para arrendamento; e pela responsabilização da administração central pela direção e gestão das

políticas de habitação.

O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Em matéria de habitação, a proposta de lei de Orçamento do Estado para

2019 não rompe com as opções políticas de favorecimento dos interesses dos grupos económicos e financeiros

que, ao longo de décadas, especularam com um bem fundamental — a habitação — e daí obtiveram chorudos

lucros à custa do endividamento forçado das famílias.

O Governo continua a deixar a intervenção nesta área nas mãos dos privados e do dito «mercado», que já

demonstraram que não resolvem o problema do acesso à habitação, remetendo o Estado para um papel

supletivo, ausente de intervenção direta na disponibilização de habitação pública para suprir as necessidades

habitacionais. Mantém-se, assim, a desresponsabilização do Governo na garantia do direito constitucional à

habitação.

A habitação não pode ser tratada como uma mera mercadoria com que se pode especular em função dos

tais mercados, na medida em que cumpre uma função social e, portanto, deve ser utilizada primordialmente

para a resolução dos problemas existentes no País.

Analisando a proposta, constatamos que o nível de investimento na área da habitação é francamente

insuficiente e não permite dar o salto quantitativo e qualitativo que a situação exige.

O Governo refere um investimento de 40 milhões de euros, ao abrigo do 1.º Direito — Programa de Apoio ao

Acesso à Habitação, com vista ao realojamento de famílias que hoje vivem em habitações indignas, como um

passo importante. Sem dúvida que o objetivo de eliminar as habitações precárias e assegurar dignidade às

famílias é relevante,…

Protestos da Deputada do PSD Sandra Pereira.

… mas o Governo esqueceu-se de referir que empurrou a total responsabilidade pela concretização deste

Programa para as autarquias, quando esta é uma responsabilidade da administração central.

Em matéria de arrendamento, ao invés de acompanhar a proposta do PCP para a revogação da lei dos

despejos — a solução adequada para travar os despejos e proteger adequadamente os inquilinos —, o Governo

opta por atribuir borlas fiscais aos proprietários que aumentem a durabilidade do contrato. A política de

arrendamento não é política fiscal nem é pela atribuição de benefícios fiscais a fundos e grupos financeiros, os

grandes beneficiados destas medidas, que irão surgir mais habitações para arrendamento.

Também não é a redução em 20% do valor da renda, tendo como referência o valor de mercado, em troca

de benefícios fiscais para os proprietários, como propõe o Programa de Arrendamento Acessível, que garante

o acesso das famílias à habitação. Por exemplo, uma família que aufira um salário médio só ficará abrangida