31 DE OUTUBRO DE 2018
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Os contratos-programa com os teatros nacionais e o OPART (Organismo de Produção Artística) são um
passo positivo, mas insuficiente e tardio. Os incentivos à criação literária e à leitura têm de ser levados mais
longe.
Uma palavra ainda para o alargamento do acesso à cultura: o PCP considera positiva a redução da taxa de
IVA para os espetáculos, já consagrada no Orçamento, mas importa considerar precisamente o seu alargamento
para que se torne numa medida mais justa e de maior alcance.
Sr.as e Srs. Deputados, a massificação da fruição cultural é apenas uma parte do caminho que tem de ser
feito para o cumprimento do direito à cultura, constitucionalmente consagrado. Ficar apenas por aqui é permitir
que a mercantilização da cultura avance de forma galopante, preenchendo a componente da fruição apenas e
só com bens de mercado. Uma verdadeira democratização da cultura também passa obrigatoriamente pela
massificação da criação cultural como garante da liberdade e como pilar da democracia. Só a tomada de
medidas concretas rumo ao 1% para a cultura pode responder a esta exigência.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Tiago Barbosa
Ribeiro.
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, Srs.
Membros do Governo: Um, dois, três, quatro. Estamos a discutir o quarto e último Orçamento do Estado desta
Legislatura. Quatro orçamentos apresentados pelo Partido Socialista para 4 anos de Legislatura. Quatro
orçamentos em torno de um projeto de melhoria das condições de vida dos portugueses, dos rendimentos, do
emprego, da confiança, garantindo ao mesmo tempo uma histórica redução do défice, o saneamento das
finanças públicas e a recuperação da nossa credibilidade externa. Quatro orçamentos apresentados e
executados exemplarmente sob a permanente dúvida e oposição daqueles que, à direita, agitaram todos os
fantasmas mas que, no seu tempo, apresentaram 12 orçamentos em 4 anos, incluindo oito retificativos,…
Aplausos do PS.
… ora porque as contas nunca batiam certo, ora porque as propostas nunca batiam certo com a Constituição.
Foram quatro orçamentos que cumpriram todas as metas que aqui apresentámos em 2015 e das quais as
primeiras filas do PSD e do CDS, então, se riram com soberba.
Nós lembramo-nos, Srs. Deputados, mas o tempo mostra quem cumpriu e quem falhou, e se hoje o País tem
razões para sorrir é porque, enquanto os senhores riam, nós trabalhávamos, e, ao contrário do que diziam, era
mesmo possível viver melhor em Portugal.
Aplausos do PS.
O caminho que percorremos foi difícil e exigente, compatibilizando a recuperação do choque interno que a
direita aplicou em Portugal com o cumprimento das metas orçamentais e a convergência com a Europa. Foi,
aliás, essa opção que nos permitiu melhorar as contas públicas. Não é possível separar uma coisa da outra,
porque não escolhemos algumas obrigações do Estado em detrimento das outras. Para nós, contam mesmo
todos, não só credores mas também trabalhadores, mas também pensionistas.
Aplausos de Deputados do PS.
O Orçamento do Estado para 2019 dá continuidade ao rumo que iniciámos há 3 anos. Para nós, o Orçamento
não exprime uma visão tecnocrática e é por isso que o Orçamento anima, nesta Câmara, um debate político que
confronta as opções de sociedade que nos distinguem e nos dividem.
Governar para a maioria, governar com justiça social, governar para mais liberdade e plena realização para
todos.