I SÉRIE — NÚMERO 19
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O investimento que já está em curso — não se projeta, está em curso — nos transportes coletivos em
Portugal não tem precedentes nas duas últimas décadas. São 150 milhões de euros já a serem concretizados
na aquisição de mais de 500 autocarros de elevada performance ambiental e, por acaso, na Área Metropolitana
do Porto já há mesmo autocarros na rua.
São 137 milhões de euros, o concurso é público e está na praça para aquisição de 14 unidades triplas para
o metro de Lisboa e um novo sistema de segurança para o próprio metro, que vai permitir que as frequências
aumentem.
Durante o mês de novembro, será lançado o concurso para a aquisição de 18 composições para o metro do
Porto e, durante o mês de dezembro, o concurso com 57 milhões de euros de investimento para a aquisição de
10 novos navios para a Transtejo e a Soflusa. Também já temos a declaração de impacte ambiental para a
expansão do metro de Lisboa e a do Porto está, neste momento, ainda em apreciação pela APA (Agência
Portuguesa do Ambiente), mas as obras de expansão, num valor que ultrapassa os 500 milhões de euros, serão
mesmo lançadas a concurso entre o final deste ano e o início do próximo.
Recordo que o programa operacional, que tenho a honra de gerir, o PO SEUR (Programa Operacional
Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos), não tinha um cêntimo para fazer investimentos em
transportes coletivos, com exceção dos autocarros, porque assim o anterior Governo o tinha deixado
programado.
Claro que nos preocupamos com a resposta imediata à procura. A procura já cresceu este ano 5%, depois
de em 2017 termos recuperado 23 milhões de passageiros num só ano, nunca deixando de recordar que durante
o anterior Governo se perderam 100 milhões de passageiros no sistema. Por isso, é da maior importância que
nas empresas tuteladas pelo Governo as indemnizações compensatórias tripliquem já no próximo ano e,
portanto, haja este grande esforço de manutenção feito no metro de Lisboa, onde as outrora 30 unidades triplas
paradas são hoje já só 12 e estarão todas em funcionamento até ao início do ano.
Mas é então imperativo fomentar o uso do transporte coletivo. Não podemos ter uma sociedade em que uma
família opte por usar o transporte individual por este ser mais barato.
O inquérito à mobilidade que o INE (Instituto Nacional de Estatística) tornou público neste verão passado
demonstra que praticamente não existem famílias com 3 ou mais elementos que tenham passe. É mais barato,
repito, é mais barato andar de transporte individual. É, por isso, absolutamente necessário baixar o preço dos
passes.
Esta foi uma iniciativa que começou pelas duas áreas metropolitanas em março último e foi trabalhada com
o Governo desde então, que levou à construção do Programa de Apoio à Redução Tarifária, o PART, que neste
Orçamento transferirá já para as autoridades metropolitanas e para as comunidades intermunicipais 83 milhões
de euros, naturalmente reforçados com as verbas que serão as das próprias autarquias.
Quais são os objetivos? Em primeiro lugar, dar às autoridades de transporte a primazia na gestão da bilhética
e fixar preços; em segundo lugar, ser para o País todo, repito, ser para o País todo; em terceiro lugar, garantir
que um mínimo de 60% das verbas que são atribuídas sejam para reduzir tarifas — passes mais baratos, passes
família, gratuitidade para menores de 12 anos — e quem toma estas decisões são as autoridades de transporte,
que, repito, são as comunidades intermunicipais ou as áreas metropolitanas; em quarto lugar, permitir que os
40% remanescentes sejam aplicados no aumento da oferta.
A verba para o País todo foi calculada de forma absolutamente transparente: um algoritmo muito simples que
multiplica a população de cada CIM (comunidade intermunicipal) ou área metropolitana pela percentagem de
viagens em transporte público, pelo tempo médio de viagem casa-escola ou casa-trabalho.
Fica ainda assegurado que todos os apoios sociais, sub23, 4_18, Social+, não estão nesta conta e continuam
a ser assegurados pelo Governo.
Esta é uma medida fundamental e da maior importância para, em primeiro lugar, melhorar a disponibilidade
dos rendimentos das famílias; em segundo lugar, fomentar o uso do transporte coletivo e, por essa via, a
qualidade da vida urbana; em terceiro lugar, contribuir decisivamente para os compromissos de descarbonização
a que o Governo está obrigado e, mais do que isso, nos quais acredita como base para o novo projeto de
desenvolvimento económico em Portugal. Isto a partir de abril, porque era impossível antes de abril que as
autarquias metropolitanas e as comunidades intermunicipais negociassem com os operadores de transporte a
concretização do novo sistema de bilhética e consequente sistema tarifário.