I SÉRIE — NÚMERO 19
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Aliás, é bom lembrar que, em 2016, também parecia — e era prometido e jurado — que este aumento do
gasóleo e da gasolina seria neutral. Mas depois, é claro, não foi bem assim. O aumento veio para ficar e o
Orçamento prevê cobrar, em 2019, mais 1400 milhões de euros do que em 2015, só em gasóleo e em gasolina.
São as medidas que ficam sempre de fora das contas oportunistas de devolução de rendimentos que agradam
à geringonça e às esquerdas unidas.
Parecia também que eram estabelecidas regras mais benéficas para as reformas com longas carreiras
contributivas, a regra dos 60/40, mas, depois, já vimos que não é bem assim. Que justiça há numa medida que
propõe que quem começou a trabalhar aos 20 anos possa reformar-se sem penalização aos 60 anos, ao passo
que quem começou aos 21 anos tem de trabalhar mais 5 anos e meio até obter o mesmo direito?
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Um escândalo!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Parece que o IVA da eletricidade vai baixar, mas depois não é bem
assim. A maior parte das famílias não vai ser, sequer, abrangida pela medida, e estamos apenas a falar do IVA
do aluguer dos contadores e não do IVA da luz.
Parece que a economia cresce, mas depois não é bem assim. Pelo segundo ano consecutivo, em 2019 a
economia portuguesa vai novamente desacelerar, vai crescer menos do que no ano anterior. A maioria dos
países da Europa cresce bem acima de Portugal e o balanço da Legislatura é de perda de produtividade.
Nas empresas, parece que o PEC ia ser eliminado, mas depois não é bem assim. O PEC vai ser substituído
por outro mecanismo e as empresas vão ter um aumento efetivo de IRC — aliás, já um dos mais altos da Europa
— através do aumento das tributações autónomas. É o mesmo PEC por outra via.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso não é nada assim! Nada!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — A geringonça esquece-se com muita facilidade que foram as empresas,
a iniciativa privada, que criaram os mais de 300 000 postos de trabalho que tanto apregoam.
Aplausos do CDS-PP.
Parece, também parecia, que as horas extraordinárias iam pagar menos impostos, mas depois não é bem
assim. Na verdade, os trabalhadores que fazem este esforço suplementar vão ter menos retenções na fonte em
2019 mas — depois de já terem votado, claro! — em 2020 vão receber a conta dos impostos que ficaram por
pagar.
O Sr. António Filipe (PCP): — Não é bem assim!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — É um autêntico logro e uma dupla injustiça para estes trabalhadores
que fazem um esforço suplementar.
Parece que o IRS não vai aumentar, mas depois não é bem assim. Como as tabelas de IRS não são
atualizadas, quem tiver aumentos de acordo com a inflação, sim, vai mesmo pagar mais impostos.
O Sr. António Filipe (PCP): — Não é bem assim!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Parece que as propinas vão baixar, mas depois também não é bem
assim. Na realidade, há, pelo menos, 1500 alunos que deixarão de receber bolsa e a ação social escolar mantém
o mesmo valor que no ano anterior.
Parece que o IVA dos espetáculos vai ser reposto nos 6%, mas depois não é bem assim. Há vários
espetáculos que ficam de fora, uns em função do local, outros em função de preconceitos. O IVA da cultura,
Sr.as e Srs. Deputados, não é um IVA do gosto e deve incluir todas as manifestações culturais, sem dependência
do local, incluindo, obviamente, as que são tradicionais em Portugal, como a tauromaquia.
Aplausos do CDS-PP.