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31 DE OUTUBRO DE 2018

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Defendemos a negociação coletiva — lutámos para que existisse —, mas não abdicaremos da decisão sobre

a concretização das normas orçamentais e, sempre que a julgarmos contrária ao acordado e votado, o Bloco

não deixará de trazer os decretos-leis à apreciação parlamentar.

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Pois, pois, pois!

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Mas falemos de investimento nos serviços públicos. Disse o Ministro das

Finanças que respeita tanto as metas do défice quanto todas as outras. Ora, a realidade desmente-o: a cada

ano, há metas do Estado social e dos serviços públicos que ficam por cumprir, para que as do défice sejam

ultrapassadas. Dou três exemplos.

Primeiro exemplo: meses de atraso nos concursos para colocação de médicos nos cuidados primários

custaram-nos 40 a 50 profissionais, que, entretanto, partiram para o privado ou para o estrangeiro, ficando por

cumprir a meta do acesso a médico de família.

Segundo exemplo: a meta da diminuição do número de alunos por turma no ensino secundário foi

abandonada pelo Governo.

A Sr.ª MarianaMortágua (BE): — Bem lembrado!

A Sr.ª CatarinaMartins (BE): — Terceiro exemplo: o adiamento do reforço de pessoal e material circulante

para a CP impede o objetivo de reforço do transporte ferroviário ainda nesta Legislatura.

Sr. Ministro das Finanças, Sr. Primeiro-Ministro, podemos fazer melhor e, no Bloco de Esquerda, não

desistiremos de fazer melhor.

Aplausos do BE.

Olhemos para os pensionistas. As pensões de reforma, uma vez atribuídas, ficam para o resto da vida. Este

princípio, que visa a previsibilidade da própria segurança social, nunca levantou questões, até porque as

reformas foram sempre diminuindo. Quem já estava reformado só teria a perder se visse as novas condições

aplicadas ao seu caso, o que não podia acontecer.

Mas muita gente que vê agora, nesta Legislatura, as reformas melhorarem sente a injustiça, porque quem se

reformou com as regras do Governo anterior teve enormes penalizações. O mais flagrante será o caso de quem

começou a trabalhar ainda criança e, com as regras criadas pelo ex-Ministro do CDS, Mota Soares, por se

reformar antecipadamente, sofreu muita penalização, apesar de ter 46, 48, 50 anos de descontos. Não

poderemos, ao menos para estes casos, Sr. Primeiro-Ministro, encontrar um mecanismo de correção da

injustiça?!

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Não fiquem preocupados, Srs. Membros do Governo, porque eles

votam, na mesma, favoravelmente!

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — No Orçamento passado, abrimos espaço para o acesso ao complemento

solidário para idosos, uma medida importante mas insuficiente.

Este ano, na especialidade, o Bloco proporá o passo seguinte: a criação de um complemento de pensão que

compense a aplicação do fator de sustentabilidade na pensão de quem tanto trabalhou e tanto descontou. Quem

foi tão injustiçado na infância, não deve voltar a sê-lo na velhice.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª CatarinaMartins (BE): — Para concluir, Sr. Presidente, destaco esta proposta como uma das muitas

que o Bloco apresentará na especialidade.