30 DE NOVEMBRO DE 2018
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Aplausos do CDS-PP, de pé.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do Bloco de
Esquerda, a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro e demais Sr.as e Srs. Membros do
Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Finda agora o debate do Orçamento do Estado para 2019. O Bloco empenhou-
se neste debate com proposta e com o esforço de convergência. Foram meses de preparação com o Governo,
mas também com tantas organizações, sindicatos, movimentos, que contribuíram com alertas, dados, soluções.
Agradecemos a cada uma dessas pessoas que depositou esperança e compromisso neste Orçamento. Essa
exigência cidadã, essa expectativa popular num Parlamento capaz de responder pelo concreto da vida das
gentes reforça a democracia.
Com a aprovação deste Orçamento, ficaremos com uma certeza: o diabo não apareceu; a economia e o
emprego cresceram; o tal novo resgate, pelo qual a direita tanto clamou, ninguém o vê.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Os mitos da austeridade caem e, com eles, os partidos da direita, que, à
falta de alternativa credível, converteram-se no partido dos casos e outras touradas.
Aplausos do BE.
Este Orçamento deu passos relevantes, mas teremos também de reconhecer que em demasiados pontos
ficou aquém do que seria necessário e possível.
São muito tímidos os avanços sobre a energia. A tributação mantém-se elevada demais e o combate às
rendas excessivas dos produtores fica muito aquém do necessário. A questão não é só saber se é possível
baixar a fatura da luz, que é e mais. A questão é saber se sustentamos nos próximos anos a redução que este
ano conseguimos pela primeira vez. Essa alteração estrutural está longe de estar garantida. É pena que uma
parte da bancada do PS tenha resolvido impor as touradas como bem de primeira necessidade. Era bem melhor
que o tivessem feito com a eletricidade, que ilumina e aquece as casas das nossas famílias.
Aplausos do BE.
É ainda difícil compreender a falta de comparência do Governo sobre mais-valias imobiliárias e a opção pelo
chumbo destas medidas. É um recuo nunca explicado e uma oportunidade perdida de combater a especulação
imobiliária, regular o mercado imobiliário e gerar receita para financiar políticas públicas de habitação. Do mesmo
modo, foi errado recusar um pequeno aumento da derrama estadual para empresas com lucros milionários.
Finalmente, este Orçamento fica aquém na resposta a quem tem as carreiras contributivas mais duras. É um
erro negar às pessoas com deficiência um regime de antecipação da pensão e assim, de facto, negar-lhes o
acesso à reforma.
Aplausos do BE.
E é um erro negar o complemento de pensão que o Bloco propôs para compensar, no valor do corte da
sustentabilidade, as pensões de quem teve uma muito longa carreira contributiva e se reformou com as regras
de PSD/CDS e de Mota Soares.
Bem sei que este é um daqueles problemas que nasce do bom caminho feito. Foi nesta Legislatura que, pela
primeira vez, foram melhoradas as regras de acesso à reforma. Isso cria um sentimento de injustiça, também
novo, entre quem se reformou antes, com um regime pior. Mas a exigência maior que criámos não nos deve
fazer encolher os ombros. Temos orgulho no que se conquistou e consciência aguda do tanto por fazer.
Sr.as e Srs. Deputados, chegámos ao último Orçamento desta Legislatura. O que foi considerado impossível
por tantos, aqui está: quatro Orçamentos de reposição de rendimentos do trabalho, sem privatizações e sem