12 DE DEZEMBRO DE 2018
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União Europeia não pode continuar a prometer demais e a cumprir de menos. Por isso, não tenho de explicar o
corte, tenho de combater o corte, porque sou contra esse corte e nada justifica que ele exista na política de
coesão.
Nesta deriva para a demagogia populista em que está o CDS, o CDS, agora, fala muito dos impostos
europeus.
Protestos do Deputado do CDS-PP Pedro Mota Soares.
Mas, Sr. Deputado, a matemática é muito simples: se nós precisamos de mais dinheiro e temos, com a saída
do Reino Unido, menos dinheiro, a única forma de termos mais dinheiro, havendo menos dinheiro, é os Estados
nacionais porem mais dinheiro ou a União Europeia ter recursos próprios. Ora, como os Estados nacionais não
se financiam «por obra e graça do Espírito Santo» mas por impostos nacionais, a sua questão é a de saber se
vamos aumentar as dotações com impostos nacionais ou com impostos europeus. E os impostos europeus de
que estamos a falar…
Protestos do Deputado do CDS-PP Pedro Mota Soares.
Sr. Deputado Pedro Mota Soares, eu ouvi-o, há pouco; agora, oiça-me, se não se importa!
Como dizia, os impostos europeus de que estamos a falar não são impostos sobre cada um dos portugueses,
não são impostos sobre cada uma das pequenas e médias empresas, são impostos sobre as transações
financeiras, sobre a economia digital, sobre os grandes gigantes do comércio americano, que geram rendimento
nos países da União Europeia e não pagam impostos na União Europeia. Esses é que têm de pagar e é a isso
que chamamos «receitas próprias».
Aplausos do PS.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Só o Partido Socialista é que entende que não incidem sobre as
pessoas!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Percebo que a direita fique muito descontente por ver finalmente um Ministro
das Finanças português respeitado internacionalmente e, por isso, a poder presidir ao Eurogrupo. Por isso é
que têm de tentar esta gracinha entre a «recomendação de cá» e a «recomendação de lá».
Protestos de Deputados do PSD.
Mas, Srs. Deputados, é muito simples: as estimativas oficiais da Comissão Europeia divergem
sistematicamente das estimativas portuguesas. A vantagem que temos sobre a Comissão Europeia é a seguinte:
em 2016, ganhámos; em 2017, ganhámos; e, em 2018, ganhámos! Em 2019, vamos ganhar outra vez!
Protestos do Deputado do PSD Duarte Marques.
Temos demonstrado sempre, pelos resultados, que temos razão e é por isso que não temos de ter medidas
adicionais. E iremos cumprir, simplesmente, o Orçamento de 2019, como cumprimos o de 2018, o de 2017 e o
de 2016.
Aplausos do PS.
Como é sabido, não sou favorável ao tal tratado orçamental e menos ainda à sua cristalização, com a sua
incorporação no acquis comunitário. Achava bem que isso não existisse. No entanto, temos de o cumprir
enquanto ele existir, mas ele deve deixar de existir tão depressa quanto possível. E mais depressa deixará de
existir quanto mais claro for para todos que ele é desnecessário, porque os Estados, por vontade própria e por
capacidade própria, são capazes de cumprir um bom exercício orçamental. O caso português é uma boa