12 DE DEZEMBRO DE 2018
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Sr. Primeiro-Ministro, há mais duas questões que queria colocar-lhe e um dos grandes temas é, obviamente,
o Brexit.
Neste momento, estamos ainda perante uma grande confusão: o Tribunal de Justiça da União Europeia
confirma que é possível, unilateralmente, o Reino Unido reverter a decisão; Theresa May adia votações; Donald
Tusk convoca uma reunião para quinta-feira, colocando em cima da mesa um «não-acordo». Portanto, a questão
que se coloca é a de saber como vê o Governo português que se possa acabar com este grande nó górdio.
Para terminar, Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, uma última pergunta sobre o cumprimento de direitos
fundamentais no seio europeu, que tem sido muito apregoado nos Conselhos Europeus. Há exceções ao Estado
de direito na União Europeia. Não podemos deixar de apontar a enorme hipocrisia, especialmente quando há
quatro cidadãos democraticamente eleitos que estão presos e em greve de fome, neste momento, por lhes ser
negado o acesso à justiça europeia.
Pergunto se o silêncio do Governo português é sinónimo de complacência com a usurpação de direitos pelo
Estado espanhol, continuadamente, a estes presos catalães.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª IsabelPires (BE): — Que não se faça do Estado de direito, da liberdade e da democracia, meras
palavras sem significado, como até agora, e que se tomem posições muito concretas.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, pelo Grupo Parlamentar do CDS-PP, o Sr.
Deputado Pedro Mota Soares.
O Sr. PedroMotaSoares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo,
Sr.as e Srs. Deputados: O Conselho Europeu de quinta e sexta-feira será, em princípio — esperemos que sim
—, o último deste ano. E, por muito que nos custe reconhecer, vamos acabar o ano pior do que começámos.
No essencial, há três planos que demonstram que, infelizmente, estamos pior do que há 12 meses: a crise
do Brexit está pior; o congelamento da reforma da zona euro, mesmo depois do que aconteceu na semana
passada, está pior; e a adoção de um orçamento plurianual, isto é, de fundos comunitários para o próximo
período, também está, infelizmente, pior.
Em primeiro lugar, quando devíamos estar a negociar o futuro relacionamento entre a União e o Reino Unido,
estamos na iminência de um cenário muito preocupante, que é o de um não-acordo ou de uma saída
desordenada.
Em segundo lugar, quando devíamos estar a consolidar os instrumentos fundamentais que nos permitem
proteger o euro de uma crise, a verdade é que continuamos a adiá-los, nomeadamente a conclusão do terceiro
pilar da UEM (união económica e monetária).
Em terceiro lugar, quando devíamos estar a negociar um orçamento comunitário com ambição, que
permitisse mesmo um aumento da despesa global para acomodar as novas exigências políticas, mas não
deixando cair a política de coesão e a política agrícola comum, a verdade é que vamos agravar, ainda mais, a
divergência entre as economias europeias.
E temos pouco tempo! Temos muito pouco tempo para que o Reino Unido passe de Estado-Membro a
Estado-terceiro e, nesse sentido, somos daqueles que estamos muito convictos de que a saída do Reino Unido
da União empobrece a Europa, mas também empobrece o Reino Unido.
Mas confesso, Sr. Primeiro-Ministro, que, nesta altura, estamos preocupados com o que está a acontecer
em Portugal. Nesta altura, muitos Estados-Membros da União Europeia estão a desenvolver planos de
contingência para as empresas e para os seus cidadãos que estão nesses mercados, para que, perante um
cenário de saída desordenada — que, infelizmente, hoje, não parece improvável —, possam ser protegidos.
Já perguntámos ao Governo o que anda a fazer e o Governo nada responde.
Perguntámos, há muito pouco tempo, à CIP se foi consultada relativamente ao lançamento de planos de
contingência para as empresas que estão a operar no Reino Unido. Ora, as empresas que estão lá a operar
afirmam que o Governo não as consulta sobre esta matéria. E é importante lembrarmos, quando o Secretário