12 DE DEZEMBRO DE 2018
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É essa que, desde há três anos, insistimos que é a prioridade. Insisto: a ponte a estabelecer no quadro
financeiro plurianual com o instrumento de apoio às reformas pode e deve ser uma base de trabalho que o
Eurogrupo pode e deve ter em conta.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rubina Berardo.
A Sr.ª Rubina Berardo (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr. Primeiro-Ministro: No
Congresso Socialista Europeu que ocorreu no passado fim de semana, o PS vendeu-se aos seus camaradas
europeus como «a estrela entre os socialistas europeus».
Sr. Primeiro-Ministro, também não é difícil ser estrela num universo de somente cinco governos, a maioria
minoritária, dentro da União Europeia, como é o caso de Portugal.
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Ainda bem que começou mal!
A Sr.ª Rubina Berardo (PSD): — Nesta ação de marketing, omitem, claro está, o verdadeiro estado de sítio
que se vive em Portugal, fruto das vossas promessas quebradas.
Este Governo tem sido a causa de greves sistemáticas, de comboios em caos, de bombeiros e professores
revoltados, da paralisação dos portos…E a lista continua.
É a isto que chama «estrela socialista», comparado com outros socialistas europeus, Sr. Primeiro-Ministro?
Vendem-se lá fora como tendo virado a página da austeridade, mas os cidadãos vivem a realidade caótica
de um Governo campeão das cativações, que quer bater o pé à Europa, mas que quando está à frente do
Eurogrupo manda recados à política orçamental portuguesa.
Já existia o filme Kramer versus Kramer. Agora existe Centeno versus Centeno, à melhor maneira
portuguesa, uma espécie de «Olívia patroa» e «Olívia costureira».
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Rubina Berardo (PSD): — «Conseguimos!» — anunciou o Presidente do Eurogrupo, com pompa e
circunstância, após 18 horas de negociação sobre a suposta reforma da zona euro. Para já, se fosse
efetivamente uma reforma da zona euro, seria bem-vinda. O PSD tem repetidamente advertido para a
necessidade dessa reforma.
Se fosse efetivamente uma reforma, não demoraria seis anos a efetivar o mecanismo de salvaguarda do
Fundo Único de Resolução.
Se fosse efetivamente uma reforma, o Mecanismo Europeu de Estabilidade seria transformado num
verdadeiro Fundo Monetário Europeu, capaz de apoiar uma gestão mais eficiente das dívidas soberanas.
Se fosse efetivamente uma reforma, estaríamos perante a finalização do terceiro pilar da União Bancária,
através do Mecanismo Comum Europeu de Garantia de Depósitos, mas ao invés, cria-se — surpresa! — um
grupo de trabalho para aprofundar o trabalho técnico, que significa, na prática, marinar na gaveta.
Se fosse efetivamente uma reforma, havia capacidade orçamental para a zona euro e para promover a
convergência, a competitividade e a estabilização, mas o Presidente do Eurogrupo disse, timidamente, que não
foi alcançada uma visão comum.
São demasiados ses, Sr. Primeiro-Ministro, para secundar a pompa e a circunstância do Presidente do
Eurogrupo. Não estamos perante uma verdadeira reforma da zona euro!
Sr. Primeiro-Ministro, no próximo Conselho Europeu vai ser mais ambicioso do que o Dr. Mário Centeno,
Presidente do Eurogrupo? Como diz o Sr. Primeiro-Ministro, a esperança é a última a morrer… Ou vai repreender
o seu Ministro das Finanças pelos reparos que o Dr. Centeno fez ao plano orçamental e aos riscos identificados
pelo Eurogrupo? Ou, quem sabe, vai repreender o Presidente do Eurogrupo por mandar recados a Portugal?