I SÉRIE — NÚMERO 28
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Sr. Primeiro-Ministro, quero ouvir da sua boca que não seria justo contabilizar todo o tempo de serviço
prestado pelos professores para efeitos de valorização da carreira. Se é justo, é neste sentido que o Governo
deve avançar! De forma faseada, é certo, mas é neste sentido que o Governo deve avançar, e o Sr. Primeiro-
Ministro sabe que é justo.
Aplausos de Os Verdes e do PCP
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Muito obrigado, Sr. Presidente, e muito obrigado, mais uma vez, Sr.ª Deputada
Heloísa Apolónia.
Equilíbrio! Nós temos de fazer tudo aquilo que é necessário para os portugueses: os portugueses precisam
que investamos mais no Serviço Nacional de Saúde, e nós investimos mais 1200 milhões de euros! Os
portugueses precisam de uma escola com mais qualidade e que reduza o insucesso escolar, e nós reduzimos
o número de alunos por turma, vinculámos 7 000 professores, introduzimos a flexibilização curricular — estamos
a ter uma melhor educação! Os portugueses precisam de melhores transportes públicos, por isso temos uma
medida que irá revolucionar a acessibilidade aos transportes públicos por via do tarifário! Os portugueses
precisam de mais ferrovia, por isso temos o maior investimento em ferrovia dos últimos 100 anos! Os
portugueses também precisam de ter as contas certas, porque não podem continuar a sofrer com o garrote da
dívida que temos acumulada e que nos asfixia duradouramente!
Nós não temos uma obsessão. A economia portuguesa conseguiu recuperar o nível de riqueza de 2008,
mas, infelizmente, com dívida muitíssimo superior à que tínhamos em 2008. E para reduzirmos a dívida, temos
de ter saldos primários positivos, de forma a que, ano após ano, consigamos reduzir essa dívida.
O que temos conseguido fazer, Sr.ª Deputada, é reduzir a dívida, reduzir o défice e, ao mesmo tempo, repor
os vencimentos, repor as pensões, aumentar as pensões, diminuir o enorme aumento de impostos, aumentar o
investimento público! Mas, Sr.ª Deputada, não conseguimos fazer tudo, para todos, ao mesmo tempo! Não é
possível!
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Primeiro-Ministro, tem de concluir.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Vou já concluir, Sr. Presidente.
E a Sr.ª Deputada, que tem negociado tantas vezes connosco, em tantas matérias, sabe bem que temos
uma flexibilidade negocial só comparável à generosidade do Sr. Presidente relativamente ao tempo que concede
ao Governo…
Risos
Mas há sempre um limite. E não podemos ir além do limite, sob pena de o PSD e o CDS ficarem a rir-se de
nós, dizendo que, afinal, tinham razão e que agora é tempo de voltar para trás. Não voltaremos para trás, pois
o caminho dos portugueses e de Portugal é para a frente!
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem agora a palavra o Sr. Deputado André Silva.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro: «Não comia o suficiente. Eles chegavam
a deixar-me sem comer nem beber durante três ou quatro dias. Eu bebia água quando ia à casa de banho».
O relato é da Olívia, uma rapariga de 13 anos natural do Togo, que foi trazida de forma ilegal para trabalhar
como au pair. Foi vítima de abusos e tortura até que conseguiu fugir. Mas a história de Olívia não é única.
Na Europa, as mulheres e as raparigas continuam a ser as mais vulneráveis ao tráfico, enquanto as crianças
representam 23% das vítimas.