I SÉRIE — NÚMERO 31
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é este? É crescimento que nunca chegou a desenvolvimento. É crescimento que cresce nos bolsos de alguns,
mas falta nos bolsos, na vida e na dignidade da maioria da população.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Ernesto Ferraz (BE): — Este é o crescimento do PSD!
O Sr. Deputado disse que a saúde, os serviços públicos aqui, no continente, não funcionam. Muito se tem
falado da construção do novo hospital na Madeira, mas, hoje em dia, existem dois hospitais que também não
funcionam. Falta tudo o que é de mais essencial, desde medicação para doenças crónicas a uma simples
compressa. Portanto, depois de 64 anos de crescimento económico, isto é dose.
Mas há mais: a dignidade que os madeirenses não têm decorre de 40 anos ininterruptos em que o PSD
alimentou…
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado, queira terminar.
O Sr. Ernesto Ferraz (BE): — Termino já, Sr.ª Presidente.
Como dizia, a dignidade que os madeirenses não têm decorre de 40 anos ininterruptos em que o PSD
alimentou os seus próprios monopólios, como o dos transportes que aumenta o preço dos serviços que presta,
fez dos madeirenses reféns da sua ilha com a liberalização da linha aérea, única via para entrar e sair da Região,
fez nomeações às dezenas e às semanas, e falta tudo.
Portanto, o próximo ano dir-nos-á que foram quatro décadas e essas décadas passaram.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Vilhena.
O Sr. Luís Vilhena (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Paulo Neves, eu vivo na Região Autónoma da
Madeira e o senhor também foi eleito pela Região Autónoma da Madeira.
Gostava de dizer que a vantagem de a Madeira ser uma região autónoma é a de poder, dentro das várias
áreas de atuação governamental, decidir o rumo e estabelecer ações que sejam adequadas à sua especificidade
e à vontade da sua população.
O seu partido tem governado a Região Autónoma da Madeira há mais de 40 anos e, entretanto, nestas quatro
décadas, entreteve-se a fazer obra útil nalguns casos, mas também, muitas delas, perfeitamente inúteis, não
guardou os recursos para alguns assuntos importantes, como é o caso, por exemplo, do hospital, e criou uma
dívida, fruto de um desenvolvimento completamente insustentável.
O Sr. Deputado trouxe alguns exemplos que, eventualmente, deveriam ter sido acautelados nesse modelo
de desenvolvimento preconizado pelo PSD na Madeira e, do meu ponto de vista, esses assuntos são, aqui, hoje
apresentados porque o PSD da Madeira não fez as escolhas certas.
Entre 2000 e 2010, o Governo Regional dispôs de mais de 20 000 milhões de euros entre fundos europeus,
orçamento regional, transferências do Orçamento do Estado e de uma dívida oculta que pôs em causa o futuro
dos seus cidadãos. Deste pacote de 20 000 milhões de euros, 750 milhões de euros foram gastos nas
sociedades de desenvolvimento, na maior parte em obras que não servem para nada, algumas estão ao
abandono, outras foram destruídas porque foram construídas no local errado, como é a Marina do Lugar de
Baixo, e outras foram transformadas em hotéis e passadas para a exploração de privados.
Portanto, acho que seria mais honesto que o Sr. Deputado, em vez de apontar o dedo ao Partido Socialista,
como veio aqui fazer, fizesse um ato de contrição e sublinhasse a importância de o hospital ter sido elegido para
projetos de interesse comum e, além de mais, o Governo ainda estar a pagar a recuperação da catástrofe do
último aluvião.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira concluir, Sr. Deputado. Dispõe de 2 minutos para pedir
esclarecimentos.