I SÉRIE — NÚMERO 31
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Partido Comunista Português! — era a cedência do trabalhador à Administração Pública, exclusivamente, sem
que ele pudesse ter alguma palavra a dizer sobre a sua própria reconversão profissional?
E é ou não verdade que foi a viabilização do PSD e do CDS, porque não temos cegueira ideológica, e também
do Bloco de Esquerda, de uma proposta do PCP, que permitiu acrescentar à reconversão profissional a
possibilidade, bastante social-democrata, de não dizer para onde estes trabalhadores têm de ir, mas de garantir
uma maior amplitude para que possam escolher, dentro daquilo que são as suas mais-valias?
É ou não verdade que não foi a negociação à esquerda que permitiu a viabilização da proposta do PCP
relativa à reconversão profissional, porque o Partido Socialista chumbou essa proposta?
Queria, também, deixar uma nota relativamente a esta questão dos equívocos e do desgaste rápido. É ou
não verdade que foi o Partido Socialista que chumbou, em sede de Orçamento do Estado, no que diz respeito
aos benefícios fiscais em sede de IRS (imposto sobre o rendimento de pessoas singulares), a proposta
apresentada pelo Bloco de Esquerda sobre a questão do desgaste rápido?
E é ou não verdade que, apesar de o PSD ter viabilizado a proposta do Bloco, a qual considerava
enganadora, mas que, mais importante do que tudo, reconhecia os recursos necessários, o Bloco de Esquerda
chumbou a nossa proposta dizendo, a seguir, que reconhecia aos bailarinos o direito à reforma no que dizia
respeito ao desgaste rápido, coisa que já estava contemplada na lei desde 1999?
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem de concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — A proposta do Bloco de Esquerda foi aprovada, o que originou uma
salva de palmas de toda a esquerda, mas, na realidade, ela não acrescentou rigorosamente nada.
É ou não verdade que o Bloco de Esquerda chumbou o regime de pré-reforma que PSD e CDS aqui
propuseram? Esta era vontade tanto dos trabalhadores como da Companhia Nacional de Bailado, porque
assegurava não apenas a sua sustentabilidade,…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr.ª Deputada, peço-lhe que conclua.
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — … mas também se dignificavam aqueles em quem o Estado se tinha
empenhado para dar a melhor formação que tivemos até hoje de bailarino contemporâneo de bailado clássico.
É ou não verdade que o Bloco de Esquerda chumbou a nossa proposta e apresentou uma proposta que não
acrescentava rigorosamente nada?
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr.ª Deputada, ouviu o apelo da Mesa?
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Ó Sr. Deputado, reconheça: não foi a negociação à esquerda, foi a não cegueira ideológica que permitiu
salvaguardar um regime que há muito fazia falta.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado José Soeiro.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Carla Miranda, somos os dois do Porto.
Permita-me recordar que foi precisamente no Porto, no Rivoli, em 1977, que a Companhia Nacional de Bailado
fez a sua primeira apresentação e que mais de 40 anos depois tínhamos um problema por resolver e uma
proteção social e uma reconversão profissional por garantir a trabalhadores que são bailarinos de uma
companhia nacional com um papel muito específico e com uma responsabilidade central do Estado.
Queria dizer-lhe que o Partido Socialista não tinha, de facto, uma proposta quando fizemos o debate aqui,
em Plenário, e, portanto, saudamos o Partido Socialista por ter entendido — depois de outros partidos terem
apresentado propostas — fazer parte deste trabalho, construir em conjunto uma solução. Foi, certamente,
importante o contributo de todos para podermos chegar a bom porto — não em todos os aspetos, na nossa