I SÉRIE — NÚMERO 31
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A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Queria cumprimentar a Sr.ª
Deputada Jamila Madeira por trazer hoje a debate esta questão da Lei de Bases do Serviço Nacional de Saúde,
questão que, para nós, é muitíssimo relevante.
O CDS não tem dúvidas de que lado está. Ao defender e manter a defesa do acesso de todos os portugueses
aos serviços de saúde, temos a certeza de que temos de ir mais além e fazer uma nova lei de bases dirigida ao
século XXI, que não fique enclausurada em preconceitos ideológicos e que, efetivamente, promova um melhor
acesso à saúde por parte dos portugueses, sem olhar ao que está, infelizmente, a acontecer, neste momento.
É que, atualmente, o Serviço Nacional de Saúde não responde às necessidades dos portugueses,
empurrando-os, nomeadamente os mais desfavorecidos, para os serviços que dão resposta mais célere e
aumentando os gastos das famílias com a saúde. De facto, o que temos são problemas gravíssimos, que o seu
Governo e as bancadas que o apoiam persistem, com uma enorme insensibilidade social, em não ver, estando
dissociados da realidade e querendo agora fazer crer que é o lançamento de uma nova lei de bases da saúde
que vai resolver aquilo que hoje angustia os portugueses. Ora, é aos portugueses que os senhores têm de dar
resposta, porque eles não têm razões para confiar na governação socialista, com aquilo que estamos a ver que
está a acontecer com a saúde, em Portugal.
Queria dizer-lhe, Sr.ª Deputada, que não sei bem a que lei de bases é que se referiu na sua declaração
política. É que o trabalho árduo que foi feito, com transparência, concordemos ou não, indo ao encontro do que
foi consensualizado, quanto à natureza de uma lei de bases, foi completamente truncado, foi para o lixo e temos
uma versão minimalista. Acho que não era, de facto, a essa versão que a Sr.ª Deputada estava a referir-se, do
alto daquela tribuna.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Portanto, temos razões para estar preocupados, tal como os portugueses, quando vemos três ex-Ministros
da Saúde socialistas a condenar a versão que chegou aqui, ao Parlamento.
Para concluir, o que queria perguntar-lhe, Sr.ª Deputada — e porque temos, de facto, razões para afirmar
que a saúde não é uma prioridade para o seu Governo —, é o seguinte: de que lei de bases está, afinal, a falar,
desta ou da anterior? De que lei de bases está a falar?
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Jamila Madeira, do PS.
A Sr.ª Jamila Madeira (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Carla Cruz e Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto,
agradeço as vossas questões.
Quero deixar absolutamente claro que esta é uma proposta de lei que emana do espírito daquilo que os
portugueses verdadeiramente querem: um verdadeiro Serviço Nacional de Saúde.
Esta proposta de lei resulta de ouvir e de auscultar os portugueses, emana de um conjunto de contributos.
Não há duas propostas, há apenas uma proposta. Essa proposta é clara e defende o Serviço Nacional de
Saúde…
Aplausos do PS.
… que os portugueses disseram claramente que queriam, quando criaram uma maioria neste Parlamento
que investiu no SNS, que reinvestiu no SNS e que permitiu repor os 1000 milhões de euros que os senhores
cortaram quando estiveram no Governo.
Protestos do CDS-PP.
É uma proposta de lei de bases que agora atualiza e responde a esse mesmo sentimento: o sentimento de
quem quer um modelo de financiamento sustentado e sustentável, plurianual, para que o SNS não volte a ter
nem o tipo de cortes ad hoc e além da troica, que os senhores promoveram, nem o desnatar do Serviço Nacional
de Saúde, em troca de uma agenda privada.